sábado, 12 de fevereiro de 2011

"REPERCUSSÃO - Mundo elogia mudança e pede por democracia"

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Mohammed Tantawi , aliado de Mubarack, é ministro da Defesa desde 1991
FOTO: REUTERS
O ex-ditador Hosni Mubarak em encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que estava em seu primeiro mandato, em 1997. O Egito é um dos maiores aliados do Estado hebreu no Oriente Médio
Em visita ao Egito em fevereiro do ano 2000, o papa João Paulo II escuta o hino nacional, no aeroporto do Cairo, ao lado de Hosni Mubarak
O então presidente egípcio vota nas eleições de 1987, quando foi reeleito para um segundo mandato de seis anos. Ele ainda venceu as eleições de 1993 e de 1999
O salão Oval da Casa Branca foi o cenário da reunião entre o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, e Mubarak, no dia 28 de janeiro de 1988. Os dois países sempre foram grandes parceiros, apesar do regime autoritário do egípcio
No dia 8 de dezembro de 2003, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido por Hosni Mubarak no Cairo. Brasil e o Egito têm boas relações e são parceiros comerciais
12/2/2011
Líderes mundiais aplaudem renúncia de Mubarak, mas exigem transição política pacífica e transparente
Washington. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou, ontem, que a renúncia de Hosni Mubarak marca o início de um novo capítulo na história do país, que ele acredita que será difícil, porém mais democrática. Obama comentou a queda de Mubarak mais de quatro horas depois do anúncio.

"O dia de hoje pertence ao povo do Egito. Foi a força moral da não-violência, e não o terrorismo, não os assassinatos negligentes, que curvou o arco da história", afirmou o presidente.

Ele ainda destacou que não aceitará nada menos que uma "democracia genuína", e pediu para os militares garantirem a credibilidade da transição.

Destacado para falar em nome do Palácio do Planalto sobre a queda de Mubarak, o assessor especial internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou que o governo brasileiro vê "com muita simpatia" o movimento popular que levou à renúncia. Mais cedo, o Itamaraty havia divulgado uma nota em que pedia que a transição política ocorresse "de forma tranquila e com respeito aos direitos da população".
Europa
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que, com a partida de Mubarak, o Egito tem agora "uma oportunidade preciosa de ter um governo que possa unir o país". "Aqueles que dirigem o Egito agora têm a obrigação de refletir os desejos do povo egípcio", opinou.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que as reformas devem ocorrer rapidamente para que o Egito "possa manter seu lugar no mundo a serviço da paz".

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que era "um dia de muita alegria". "Eu desejo ao povo um governo livre de corrupção e censura", disse ela, acrescentando que Mubarak havia prestado "o último serviço ao Egito".

Já o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, declarou que o Exército egípcio deve permitir a realização de eleições livres e justas que levem a um governo civil após a queda de Mubarak. "A voz do povo egípcio foi ouvida", disse. Ele refez seu pedido por "uma transição transparente, ordenada e pacífica que levem ao breve estabelecimento de um governo civil".
Israel
O governo de Israel não se manifestou oficialmente sobre a queda de seu principal aliado no mundo árabe. Um alto funcionário do governo disse apenas que "é cedo demais para prever como a renúncia de Mubarak vai afetar as coisas. Esperamos que a transição para a democracia, no Egito e em seus vizinhos, seja feita com tranquilidade". O Estado hebreu teme que um novo governo egípcio possa alterar a relação entre os dois países.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu aos ministros que não se pronunciassem sobre os acontecimentos no Egito.

O ex-ministro da Defesa, Benjamin Ben-Eliezer, afirmou que "foi uma vitória das ruas". "Não havia nada que pudesse ser feito. Foi bom que ele tenha decidido sair", analisou.

Pouco depois da declaração de Obama, a Casa Branca pediu às novas autoridades egípcias que honrem os acordos de paz com Israel, em vigor há 31 anos. "É importante que o próximo governo do Egito reconheça os acordos assinados com o governo de Israel", disse o porta-voz Robert Gibbs.
Países muçulmanos
No território palestino ocupado de Gaza, Sami Abu Zuhri, porta-voz do Movimento Islâmico de Resistência (Hamas), saudou a queda de Mubarak como "o começo da vitória da revolução egípcia. Essa vitória é o resultado dos sacrifícios e da determinação do povo egípcio".

Já a Autoridade Nacional Palestina, controlada pelo partido Fatah, adversário do Hamas, não se manifestou.

Em Teerã, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, participou de uma manifestação de celebração do 32º aniversário da Revolução Islâmica que derrubou o regime pró-Estados Unidos do xá Reza Pahlevi. "Apesar dos desígnios complicados e satânicos do Ocidente, um novo Oriente Médio está começando a emergir, sem o regime sionista e interferência dos Estados Unidos, um mundo no qual potências arrogantes não terão lugar", discursou.

Em Beirute, o partido/milícia radical libanês Hezbollah (Partido de Deus) saudou o povo egípcio por sua "vitória histórica"; libaneses soltaram fogos de artifício e acionaram as buzinas de seus carros em comemoração à queda de Mubarak.

O governo interino da Tunísia, empossado depois de o ex-ditador Zine Ben Ali ter fugido do país em meio a um levante popular em janeiro que inspirou os protestos egípcios, saudou o povo por ter forçado a renúncia do ditador.

A administração interina elogiou também o Exército egípcio por sua "elevada noção de patriotismo" e manifestou esperança no Egito.
NOVO COMANDOChefe militar é visto como resistente a mudanças

O principal integrante da nova junta militar egípcia, o ministro da Defesa Mohammed Hussein Tantawi, é considerado aliado do ditador deposto.

Nascido em 1931, Tantawi foi promovido a general e nomeado ministro da Defesa em 1991. Ele chegou a ser designado adido militar no Paquistão, participou da primeira Guerra do Golfo e foi comandante da Autoridade de Operações das Forças Armadas.

O novo líder egípcio é visto pelos Estados Unidos como "charmoso e cortês", mas "resistente a mudanças". As autoridades americanas elogiam Tantawi por seu compromisso de evitar nova guerra contra Israel, mas o criticaram em foro privado, no passado, por estar "pouco confortável com a concentração dos Estados Unidos no combate ao terrorismo".

Durante as manifestações, ele foi nomeado vice-premiê, após o ex-ditador Hosni Mubarak demitir seu gabinete em uma tentativa fracassada de acalmar os protestos, em 29 de janeiro. Isso levou a especulações de que ele poderia concorrer à presidência, embora alguns analistas dissessem que ele tinha apoio limitado.
FONTE: DN.

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