sábado, 19 de fevereiro de 2011

"CONFLITOS NA ÁFRICA - População do Djibuti luta contra ditadura"

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Milhares de pessoas se reuniram na Praça Tahrir, no Cairo, para comemorar a derrubada do governo de Mubarak
FOTO: REUTERS
19/2/2011
Manifestantes de dois países africanos iniciaram protestos contra governos antidemocráticos
Dacar A onda de protestos no Oriente Médio e na África, que já derrubou os ditadores da Tunísia e do Egito, continua se espalhando por mais países. Ontem, foi a vez do Djibuti, no Chifre da África, e de Senegal, na região sub-saariana, serem palcos dos conflitos.

No Djibuti, mais de 6.000 foram às ruas em protestos contra o presidente Ismail Omar Guelleh, no poder desde 1999, e cuja família comanda o país há mais de três décadas. "IOG rua!" era a palavra de ordem dos manifestantes contra Guelleh.

Os manifestantes, que temem que o líder consiga chegar ao terceiro mandato nas eleições presidenciais de abril, foram reprimidos pelas forças de segurança com bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes.

No ano passado, Guelleh alterou o artigo da Constituição que limitava a dois o número de mandatos seguidos na Presidência do país.

O Djibuti é um país-cidade assim como a Cingapura. Localizado no Leste da África, o país é formado por 600 mil habitantes, não é árabe, mas a maioria da população é muçulmana.

A pequena nação não conta com a presença de jornalistas estrangeiros e abriga escritórios de poucas organizações humanitárias internacionais.

A primeira manifestação no país ocorreu no dia 28 de janeiro, com cerca de 3.000 pessoas, de acordo com estimativa da ONG Democracia Internacional. Outros protestos aconteceram no dia 5 de fevereiro, aponta a Human Rights Watch, (HRW) acrescentando que no dia 9 de fevereiro o presidente da Liga de Direitos Humanos do Djibouti foi preso após alertar para a prisão de estudantes e opositores.

No Senegal, um homem ateou fogo ao próprio corpo em frente ao palácio presidencial em Dacar, capital daquele país.

Testemunhas relataram que o homem segurava um documento em suas mãos e que caiu após as chamas tomarem conta de seu corpo, antes de ser levado a um hospital.

Uma emissora de rádio diz que o homem era um soldado e que estava usando seu uniforme durante o episódio.
Democracia moderada
O Senegal é um país muçulmano considerado moderado e supostamente democrático, embora esteja imerso numa das piores crises energéticas das últimas décadas. O custo de vida também subiu absurdamente nos últimos anos.

O país é governado pelo presidente Abdoulaye Wade desde 2000, que busca um terceiro mandato e também parece querer emplacar o filho numa linha sucessória.

Um telegrama diplomático dos Estados Unidos divulgado recentemente pelo site WikiLeaks revela que o presidente e o filho aparentemente "preparam o caminho para uma sucessão presidencial dinástica".

COMEMORAÇÕES NO CAIRO
Egípcios festejam "Dia da Vitória"

Cairo Dezenas de milhares de egípcios realizaram, ontem, uma "Marcha pela Vitória" para celebrar o fim do governo de 30 anos do ex-ditador Hosni Mubarak que, após 18 dias de protestos antirregime, renunciou há uma semana, e mostrar aos militares o poder das ruas.

O xeque Yousef al Qaradawi, clérigo baseado no Catar e um dos primeiros a apoiar a revolução, disse que o medo foi tirado dos egípcios e afirmou estar confiante de que o Conselho Supremo das Forças Armadas, para quem Mubarak passou o poder, não irá trair a nação.

"Peço ao Exército egípcio que nos liberte do governo que Mubarak formou", afirmou Waradawi aos fieis durante a oração do meio-dia de ontem na praça Tahrir, que foi o epicentro dos protestos, depois do que a multidão aplaudiu e balançou a bandeira nacional.

O líder espiritual pediu aos fieis da mais populosa nação árabe do mundo que sejam pacientes com os novos governantes militares.

O atual gabinete é basicamente o mesmo que Mubarak apontou pouco antes de renunciar à Presidência e uma renovação é esperada para os próximos dias, abrindo um novo capítulo na história moderna do Egito.

A revolução no país, um aliado dos Estados Unidos e que assinou um tratado de paz com Israel, estremeceu a região. Protestos ocorrem, ainda, na Líbia, Iêmen, Bahrein, Irã e Iraque.

Desde a tarde desta quinta-feira (17), o ambiente na praça e nos arredores era festivo e podiam ser vistos vários postos que vendiam bandeiras e cartazes que louvavam o que os egípcios não duvidam em chamar de revolução.

Uma semana após a revolta, a vida no país não está normal. Tanques estão nas ruas, bancos estão fechados e ainda existem protestos contra o governo.
FONTE: DN.

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