sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"MANIFESTAÇÕES NO EGITO - Ditador diz que continua no poder"

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Hosni Mubarak enfureceu os manifestantes ao afirmar que permanecerá na presidência até setembro, quando deve passar o cargo para o vice-presidente Omar Suleiman
FOTO: REUTERS
11/2/2011
Apesar dos rumores de que Mubarak renunciaria ontem, ele afirmou que permanece no poder até setembro
Cairo. No esperado pronunciamento de ontem, o ditador egípcio, Hosni Mubarak, rejeitou a influência de outros países em acontecimentos políticos em seu país, e prometeu fazer uma transição democrática até setembro deste ano. Parte de seus poderes foram passados para o vice-presidente Omar Suleiman, mas Mubarak permanece no cargo até as novas eleições.

"Não vou deixar-me influenciar por demandas ou ingerências de outros países", disse. "Começamos um diálogo nacional construtivo, e isto resultou em harmonia para que consigamos avançar a um cronograma e para que implementemos uma transição democrática até setembro". Mais cedo, vários funcionários do alto escalão no Egito afirmaram à imprensa que Mubarak, no poder há 30 anos, deve atender nas próximas horas "às exigências" dos manifestantes da oposição, que querem sua renúncia imediata.

Os rumores deram a entender que ele deixaria o cargo, o que não aconteceu. No momento em que o ditador deixou claro que não pretendia renunciar à presidência, um grito coletivo de espanto e desapontamento ecoou na praça Tahrir.

O barulho foi tamanho que pôde ser ouvido um par de quilômetros em torno da praça totalmente lotada. Alguns, mais idosos, sofreram desmaios e tiveram que ser atendidos em improvisados postos médicos.

Os jovens não escondiam a raiva, prometendo uma escalada nos protestos. "Mubarak despreza o povo e não nos deixa alternativa a não ser partir para o confronto aberto"´, gritava o estudante Mohamad, 21.

Ao lado dele, dezenas de outros jovens prometiam marchar rumo ao palácio presidencial, a cerca de 15 quilômetros da praça Tahrir. A intenção, disseram, é transferir os protestos a partir de amanhã para a porta do ditador e não arredar pé até que ele deixe o palácio.
GREVE OPERÁRIAMaior fábrica egípcia para de funcionar

Os operários da maior fábrica do Egito saíram às ruas ontem para uma greve em solidariedade com os protestos antigovernamentais e para pedir uma alta do salário mínimo.

Os trabalhadores da fábrica têxtil Misr Spinning and Weaving, que emprega 24.000 pessoas na cidade da Al Mahallah al-Kubra, no Delta do Nilo, interromperam a atividade e se reuniram diante dos escritórios da administração.

"Estamos em greve antes de mais nada para mostrar nossa solidariedade com quem está protestando na praça Tahrir", afirmou um dos organizadores da greve, Faisal Naousha.

"Também queremos que um tribunal intervenha par que se implemente um aumento do salário mínimo", acrescentou. Milhares trabalhadores do turno da tarde devem se unir aos colegas, acrescentou Naousha.

A indústria têxtil do Egito emprega 48% da força de trabalho do país, segundo informações d o Centro de Sindicatos e Serviços para Trabalhadores (CTUWS).

Os protestos que reúnem milhares de egípcios há 17 dias nas ruas da Capital Cairo e de outras cidades egípcias foram inspirados na revolta popular que derrubou o ditador da Tunísia no mês passado.
FONTE: DN.

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