quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"ORIENTE MÉDIO - Ditador líbio diz que morrerá como mártir"

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Em pronunciamento, Kadafi disse que os manifestantes estão condenados à pena de morte
FOTO: REUTERS
Empresas suspendem atividades por causa dos conflitos
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23/2/2011
Contra diplomatas, parte do exército e manifestantes, Kadafi diz que permanece no poder e aumentará a repressão
Trípoli. Em um pronunciamento na TV, o líder líbio, Muammar Kadafi, prometeu ontem morrer na Líbia como um mártir, ao mesmo tempo em que as tropas rebeldes afirmaram que as regiões do leste do país se libertaram do governo numa revolta explosiva.

"Eu não vou deixar esta terra, morrerei aqui como um mártir", disse Kadafi na televisão estatal, recusando-se a curvar aos pedidos feitos por seus próprios diplomatas, soldados e manifestantes das ruas que exigem o fim de seu governo.

"Muammar Kadafi é o líder da revolução. Não sou um presidente para renunciar. Este é o meu país. Muammar é o líder da revolução até o final dos tempos", frisou. "Eu permanecerei aqui desafiador", completou, falando do lado de fora de uma de suas residências, bastante danificada num bombardeio dos Estados Unidos de 1986 durante uma tentativa de assassiná-lo.

No pronunciamento, sinuoso como de hábito, Kadafi pediu que seus partidários saíssem às ruas, dizendo que os manifestantes estavam condenados à pena de morte. Ele também prometeu uma reformulação vaga nas estruturas do governo.

Kadafi disse ainda que os responsáveis pelos distúrbios são os jovens e chamou os manifestantes de "ratos e mercenários" que querem transformar a Líbia em um Estado islâmico. O líder afirmou que vai "limpar casa a casa da Líbia" se os manifestantes não se renderem.
Diplomatas
Diplomatas líbios na Organização das Nações Unidas (ONU) e em vários países romperam com o líder líbio, exortando outros países ontem a ajudar a interromper o que muitos descrevem como a matança de manifestantes anti-governo.

Ali al-Essawi, o embaixador da Líbia na Índia, que renunciou a seu cargo em protesto à repressão violenta, disse que suplica às potências globais que ajudem seu povo, que, segundo ele, está sendo morto por mercenários e ataques da força aérea.

"Os líbios não podem fazer nada contra ataques aéreos. Não pedimos o envio de tropas internacionais, mas exortamos à comunidade internacional que salve os líbios", disse Essawi, demonstrando nervosismo.

O Conselho de Segurança, presidido pelo Brasil neste mês, reuniu-se a portas fechadas na terça-feira para discutir a situação na Líbia. A reunião aconteceu a pedido de Ibrahim Dabbashi, o vice-embaixador da Líbia na ONU. Dabbashi também deixou de apoiar Kadafi, denunciando-o como "tirano".
PETRÓLEO E GÁSParte da produção é suspensa na Líbia
Empresas européias dizem que podem fornecer gás por muitos meses, mesmo com a paralisação
Roma. A companhia de petróleo italiana ENI (Ente Nazionale Idrocarburi) informou que suspendeu parte de sua produção na Líbia, incluindo as operações no gasoduto Greenstream, que envia para a Itália cerca de 10% das necessidades de gás natural do país.

A ENI é a companhia internacional com as maiores operações na Líbia. A petrolífera espanhola Repsol também anunciou ontem que suspendeu totalmente suas operações na Líbia, incluída a exploração do poço petrolífero Shahara, o qual a empresa trabalha em conjunto com a francesa Total SA e com a austríaca OMV AG. A Líbia fornece cerca de 30 mil barris diários de petróleo à Espanha, o que corresponde a 7% do consumo diário espanhol.

A ENI não sabe quanto tempo suas atividades na Líbia ficarão suspensas, afirmou o porta-voz Gianni Di Giovanni. No entanto, ele garantiu que a ENI pode atender a necessidade de seus clientes por "muitos meses".
Portos fechados
Mais cedo, um navio petroleiro da ENI recebeu a ordem para deixar o porto Zawia, informou uma fonte do mercado de petróleo à Dow Jones. Segundo essa fonte, todos os portos líbios, incluindo Zawia, Benghazi, Tripoli e Misurata foram fechados pelas autoridades.

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