segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

" DIAS DE CONFLITO - Líbia à beira de guerra civil"

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Os manifestantes se reuniram ontem na cidade de Benghazi, onde as forças de segurança líbias abriram fogo contra as pessoas, segundo declararam algumas testemunhas
FOTO: REUTERS
21/2/2011
Os protestos iniciaram a pior turbulência em 40 anos de ditadura, causando mais de 100 mortes em quatro dias
Trípoli. Saif el-Islam Kadhadi, filho do dirigente líbio Muammar Gaddafi, declarou ontem, em entrevista à TV líbia, que a Líbia está à beira da guerra civil e é alvo de um complô estrangeiro. Kadhadi disse ainda que seu pai está no país e é apoiado pelo Exército. "Lutaremos até o último minuto, até a última bala", disse o filho de Gaddafi.

Ele prometeu uma Constituição e novas leis liberais no país. O filho de Gaddafi frisou várias vezes que a Líbia não é como a Tunísia ou o Egito, onde revoltas populares buscavam a retirada do poder de líderes que estavam no comando do país há muito tempo.
Mortes aumentam
Já passam de 100 os mortos em quatro dias de violência na cidade líbia de Benghazi, disse a organização Human Rights Watch ontem, depois de testemunhas declararem que as forças de segurança dispararam contra dezenas de outros manifestantes antigoverno. A pior turbulência nas quatro décadas em que o líder líbio Muammar Gaddafi está no poder começou como uma série de protestos inspirados por revoltas populares nos vizinhos Egito e Tunísia, mas chocou-se contra uma repressão acirrada das forças de segurança.

Testemunhas na cidade de Benhazi, no leste do país, disseram que as forças de segurança se retiraram para um complexo fortificado no centro da cidade, do qual estavam disparando contra pessoas que retornavam de sepultar manifestantes mortos nos dias anteriores.

"Dezenas de pessoas foram mortas. Estamos no meio de um massacre aqui", disse uma testemunha. O homem disse que tinha ajudado a levar vítimas ao hospital de Benghazi.

A organização Human Rights Watch, sediada em Nova York, disse que elevou sua contagem de mortos de 84 para 104, depois de pelo menos mais 20 pessoas terem sido mortas em Benghazi no sábado.
Brasileiros
A dificuldade em conseguir aviões fretados ou vagas em voos comerciais para deixar Benghazi deixou os 123 funcionários brasileiros da construtora Queiroz Galvão que vivem na cidade à beira do pânico.

Segundo um deles, a empresa prometeu retirar aqueles que não quiserem mais ficar na cidade e levá-los à capital, Trípoli, onde a situação é mais calma. Mas esbarrou na dificuldade de fretar um avião.

O embaixador do Brasil em Trípoli, George Ney de Souza Fernandes, esteve ontem em Benghazi para ver de perto a situação dos brasileiros. "Estão nervosos, o que é natural numa situação de tensão, mas estão todos bem", garantiu.

Logo depois do encontro, porém, a violência na cidade voltou a assustar os brasileiros. "Foi só o embaixador ir embora para tudo recomeçar. A coisa está preta. Posso ouvir tiros de metralhadora e até de canhão".

Ele reclamou que a embaixada e a empresa não prestaram assistência suficiente aos brasileiros em Benghazi, mas reconheceu que outros países também tinham dificuldades para retirar seus cidadãos.

Benghazi é base para profissionais de várias nacionalidades que trabalham em obras de seis cidades. Além dos 123 brasileiros, a Queiroz Galvão tem ali 900 funcionários vietnamitas, 500 turcos e 38 portugueses.

Há 500 brasileiros na Líbia, trabalhando para Petrobras e Odebrecht, além da Queiroz Galvão.
FONTE: DN.

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