Alberto Porfírio, poeta popular, xilogravurista e escultor cearense: autobiografia será lançada na Casa Juvenal Galeno, dentro da Coleção Nossa Cultura, da Secult.
STÊNIO SARAIVA
Autobiografia em versos do poeta Alberto Porfírio é novo título da coleção da Secult. Obra será lançada às 19 horas na Casa Juvenal Galeno.
Reconhecido entre poetas e cantadores como um dos grandes nomes da poesia popular, ao lado de Patativa do Assaré, o cearense Alberto Porfírio tem sua autobiografia lançada hoje, às 19 horas, na Casa Juvenal Galeno. O livro é uma importante realização para aproximar críticos e público em geral da obra do autor.
A obra foi entregue à Secretaria de Cultura do Estado (Secult) para publicação pouco antes da morte do poeta, em setembro de 2009. Nela, Porfírio desfia as histórias de sua vida (entre 1926 e 2006) de forma original e criativa, contando sua trajetória, na maior parte das vezes, por meio de poesia - como quando, a caminho de um recital, uma caminhonete passou por cima de sua mala e arruinou seu terno, fazendo-o perder a solenidade.
Com apresentação de Orlando Queiroz, o livro conta ainda com um poema do cordelista e quadrinhista Klévisson Viana em homenagem a "Mestre Porfírio", imagens de capas de cordéis do autor e fotografias - entre elas a do relançamento de seu clássico cordel "A estátua de Jorge", no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura; na Associação dos Cantadores do Nordeste; e na primeira visita do papa João Paulo II ao Ceará.
Para o lançamento, foram convidados os familiares do poeta, que receberão o livro e a tiragem destinada ao autor, de forma simbólica, durante a homenagem, além da participação e apresentações de cordelistas, cantadores, violeiros, admiradores e amigos do poeta. Autor e obra serão apresentados por Orlando Queiroz.
Coleção
A autobiografia de Alberto Porfírio faz parte da Coleção Nossa Cultura, da Secult, ação que integra a política da atual gestão para o livro voltada à descoberta, ao registro e renovação do patrimônio cultural cearense.
Nascido em Quixadá (CE), em dezembro de 1926, Porfírio foi, além de poeta popular, xilógrafo e escultor. Desenvolveu sua leitura por meio de cordéis de Leandro Gomes de Barros, João Martins de Ataíde, Luis da Costa. Com a seca de 42, em plena Segunda Guerra Mundial, saiu de casa com sua viola em busca de ganhar a vida. Alistou-se com "soldado da borracha", mas desistiu pouco antes da partida - felizmente, pois o navio que levou os demais companheiro foi alvo fatal de torpedos. Retornou aos estudos com mais idade, acompanhado seu filho mais velho na sala ginasial. Mais tarde, tornaria-se professor pela UFC.
Porfírio foi autor de centenas de folhetos de cordéis e, dentre suas obras, ganham destaque "Poetas Populares e Cantores do Ceará" (1977), "O Livro da Cantoria" (1997), entre outras - algumas ainda inéditas.
Viajou pelo Brasil divulgando as artes do repente, da cantoria e da poesia popular; participou de congressos e da fundação da Casa do Poeta Brasileiro, em Brasília; ministrou cursos de cantoria pelo rádio e criou esculturas em diversas partes do Brasil, como as de Cego Aderaldo e de Domingos Fonseca.
Decidiu escrever sua biografia depois de sofrer um Acidente Vascular Cerebral que o debilitou. Faleceu em setembro de 2009.
Fique por dentro
Artesanato
"Meu livro é artesanato/
Não é trabalho de mestre/
É como a fruta silvestre/
Tem cheiro de flor do mato/
A obra de fino trato/
Teria outro destino/
Mas essa é de nordestino/
Que fala de boi-de-carro/
Com os bonecos de barro/
Da tenda de Vitalino"
Alberto Porfírio
Biografia
Autobiografia Alberto Porfírio
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