quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"Operação “Firewall´ - PF prende bando que lesava clientes da CEF na internet"

Balanço da operação: os delegados Marlon Almeida e Ricardo Lopes Matias deram detalhes da investigação.
FOTO: KIKO SILVA

O grupo espalhava na rede mensagens com conteúdo infectado por vírus e captava os dados financeiros das vítimas.

Uma operação que mobilizou cerca de 100 policiais federais desarticulou, ontem, em Fortaleza, uma rede criminosa acusada de fraude bancária através da internet. A quadrilha espalhava conteúdos maliciosos na rede mundial de computadores e, através de programas fraudulentos (vírus na rede), captava os dados bancários das vítimas. O passo seguinte era realizar operações de saques e transferências com o uso de ‘laranjas’.

No fim da operação, 14 pessoas foram presas e apenas uma foi dada como foragida. A identidade dos acusados não foi revelada pela Polícia Federal. Segundo as autoridades, o grupo conseguia arrecadar cerca de R$ 3 milhões por ano somente em saques e transferências fraudulentas de clientes da Caixa Econômica Federal. Se forem contabilizados os prejuízos com a clientela de outras instituições financeiras, o ‘lucro’ do bando pode superar mais de R$ 10 milhões anuais.

Preventiva:
Batizada de ‘Operação Firewall’ (em referência a um sistema antivírus) a mobilização policial foi respaldada em 15 mandados de prisão, sendo 11 para custódia preventiva e quatro de prisão temporária, expedidos pela 11ª Vara da Justiça Federal no Ceará. Entre as 14 pessoas capturadas está o homem apontado como chefe da quadrilha. Seu nome, assim como o dos demais implicados, foi mantido em sigilo, mas, segundo o delegado responsável pela operação, Francisco Ricardo Lopes Matias, o chefe do bando já é processado na Justiça Estadual do Ceará pelo mesmo tipo de ação criminosa.

Conforme o superintendente em exercício da PF no Ceará, delegado Marlon Jéfferson de Almeida, a investigação em torno das fraudes bancárias praticadas pela quadrilha tiveram início há quase 12 meses. Mas, conforme Almeida, o grupo vinha agindo há, pelo menos, três anos. A base da rede criminosa era a Capital cearense, contudo, o grupo tinha ramificações em outros Estados brasileiros. Tanto é que parte da operação ‘Firewall’ aconteceu, simultaneamente, em Fortaleza, no Município de São Benedito (a 315Km da Capital) e também em São Paulo.

Nas diligências sigilosas, com a ajuda da própria Caixa Econômica Federal, a PF descobriu que os estelionatários iniciavam o crime com a criação de programas chamados ‘trojan’, que são espalhados na internet e instalados nos computadores das vítimas quando estas acessam a rede e abrem seus arquivos, onde há e-mail infectado. Esses arquivos são capazes de monitorar o computador da vítima e captar todos os dados cadastrais e a sua movimentação financeira, retransmitindo-os para o detentor do programa.

‘Laranjas’:
A PF também descobriu que a quadrilha utilizava-se de ‘laranjas’, isto é, pessoas cooptadas para, em troca de propina, emprestar suas contas bancárias para onde migravam as transferências fraudulentas e onde também eram feitos os saques com o dinheiro alheio.

A PF fez o rastreamento dos criminosos no período compreendido entre janeiro de 2009 e março de 2010, conseguindo contabilizar um ‘lucro’ para os ladrões da ordem aproximada de R$ 3 milhões. “Esta é apenas uma ideia acerca do potencial lesivo da quadrilha”, informou a Polícia em nota distribuída à Imprensa.

Ainda conforme as autoridades, a ‘Operação Firewall’ foi um desdobramento do ‘Projeto Tentáculos’, que é um convênio firmado entre a PF e a Caixa visando ao combate a todos os tipos de golpes que lesam os clientes daquela instituição. A quadrilha também atua na clonagem de cartões bancários, sendo, porém, mais comum a fraude no canal internet banking. Para detectar cada um dos delitos, as autoridades fizeram uma varredura nos dados existentes na Base Nacional de Fraudes Bancárias.

Cadeia:
Todos os integrantes do esquema deverão ser indiciados em inquérito por prática de crimes de furto qualificado, formação de quadrilha e, também, ‘lavagem’ de dinheiro.

Ainda ontem, depois de tomados vários depoimentos, os acusados passaram a ser transferidos para uma das Casas de Custódia da Grande Fortaleza.

Fernando Ribeiro/Nathália Lobo
Editor de Polícia/Repórter DN. 

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