sexta-feira, 26 de novembro de 2010

"ATAQUES NO RIO DE JANEIRO - ´Ainda não há motivos para comemorar´"

Policiais revistam moradores da Vila Cruzeiro durante operação na comunidade que contou com reforço do Bope e da Marinha
FOTO: REUTERS

O secretário José Beltrame disse que novas ações da Polícia tentarão conter outras investidas dos bandidos

Rio de Janeiro O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse ontem que a ação desta quinta-feira que expulsou traficantes e tomou a Vila Cruzeiro, "que nenhuma polícia que lida com segurança urbana no mundo é capaz de fazer". "Foi tomado o território que eles chamavam de porto seguro, para onde os bandidos correm covardemente protegidos por armas de guerra após cometer seus crimes".

Em entrevista na sede da Secretaria de Segurança Pública do Rio, Beltrame afirmou que "ainda não há nada ganho nem motivos para comemorar". O secretário não revelou os planos para os próximos dias, pois afirma que isso colocaria em risco os próprios policiais.

Diante das imagens de centenas de bandidos fugindo da favela da Vila Cruzeiro, Beltrame disse que agora o problema é nacional. "Os problemas não são só do Rio de Janeiro, mas de um país que tem uma série de episódios internacionais pela frente", afirmou.

Perseguição:
O comandante da Polícia Militar do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, disse ontem, em entrevista ao vivo no "Jornal Nacional", que a PM irá atrás dos criminosos que fugiram da favela de Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio, depois de uma megaoperação policial.

"Em relação aos criminosos que se puseram em fuga, eu gostaria de afiançar que nós vamos atrás deles. Com toda a certeza, nós vamos buscá-los. Seja amanhã, depois, o tempo não importa. Nós temos uma estratégia bem definida e nós iremos atrás daqueles criminosos que se colocaram em fuga", disse Duarte.

Segundo Duarte, o uso de veículos blindados da Marinha ajudou. "Os equipamentos foram facilitadores desses confrontos. Os equipamentos, os carros blindados que nos apoiaram, os carros da Marinha. Poderiam ser combates muito mais duros, com um prazo muito maior, com um número de feridos muito maior. E esses veículos nos deram uma vantagem muito grande e pretendemos continuar usando esses equipamentos no futuro", disse.

Balanço:
Até as 23h de ontem, 38 pessoas já tinham morrido desde domingo (21) quando as operações policiais no Rio de Janeiro foram iniciadas. Somente nesta quinta-feira, 11 pessoas foram mortas - 9 na favela do Jacarezinho (7 civis e 2 PMs) e 2 em Rocha Miranda, em um conflito na favela Palmerinha.

O balanço da Polícia Militar do Rio registrou 37 veículos incendiados nesta quinta-feira em diversos pontos da cidade. No total, 80 veículos já foram queimados desde domingo.

Dois ataques foram registrados ontem: ao DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo), em Mesquita (Baixada Fluminense) e o outro ao PPC (Posto de Policiamento Comunitário), no Jardim América (zona norte).

Segundo o último balanço da Polícia, 15 pessoas foram detidas ontem - entre ele um homem que atacou o DPO - e dois adolescentes foram apreendidos. Foram apreendidos nas operações uma pistola, uma granada, um revólver, quatro garrafas PET com material inflamável, três galões de gasolina, seis dinamites, seis espoletas, uma garrafa com gasolina, 5 litros de gasolina e 5 litros de álcool.

Uma série de ataques e incêndios em ônibus ocorreram em diferentes pontos do Rio desde o último domingo.

FIQUE POR DENTRO:
Retaliação às UPPs

Desde o dia 21 de novembro, ataques e incêndios em veículos assustam motoristas e moradores do Rio. Para as autoridades de segurança, as ações são uma retaliação dos traficantes contra a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nos morros e favelas. Criadas há dois anos, as UPPs são centros de ocupação permanente da Polícia Militar instalados em favelas antes dominadas pelo tráfico e pela milícia. Uma investigação da Polícia do Rio aponta também para uma articulação entre traficantes de duas facções criminosas rivais para uma eventual mega-ação de confronto para o sábado, dia 27. Nas conversas entre traficantes interceptadas pela Polícia aparecem sugestões de atirar contra as sedes dos governos estadual e municipal e lançar explosivos em áreas de grande aglomeração, como shopping centers. O policiamento nas ruas foi reforçado, com os agentes colocados em estado de alerta. As ações realizadas em diferentes localidades resultaram em confrontos e mortes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário