segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"CÚPULA DA ONU - EUA ordenaram espionagem"

O Departamento de Estado americano pediu dados pessoais do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon
FOTO: REUTERS

Documentos vazados mostram que líderes americanos pediram até o DNA de candidatos a presidente do Paraguai

Washington. Os Estados Unidos pediram a espionagem de líderes da Organização das Nações Unidas (ONU). Líderes árabes solicitaram um ataque aéreo ao Irã. No Paraguai, as autoridades americanas ordenaram até o DNA de quatro candidatos à Presidência.

Essas informações diplomáticas começaram a ser divulgadas, ontem, pela imprensa internacional, a partir de mais de 250 mil comunicados confidenciais de embaixadas americana, a maioria dos três últimos anos, vazados pelo site WikiLeaks.

A divulgação pode jogar os Estados Unidos em uma crise diplomática mundial, já que os documentos revelam a avaliação de Washington sobre vários assuntos internacionais extremamente delicados. Isso inclui uma grande mudança de relações entre a China e a Coreia do Norte, o aumento da instabilidade no Paquistão e detalhes de esforços clandestinos do país para combater a rede terrorista Al Qaeda no Iêmen.

Os Estados Unidos queriam conhecer a rotina dos funcionários da ONU, seus cartões de crédito, e-mails e telefones. O Departamento de Estado americano pediu no ano passado aos funcionários de 38 embaixadas e missões diplomáticas uma relação detalhada de dados pessoais e de outra natureza sobre as Nações Unidas, inclusive sobre o secretário-geral, Ban Ki-moon, e especialmente sobre os funcionários e representantes ligados ao Sudão, Afeganistão, Somália, Irã e Coreia do Norte.

A equipe diplomática e consular credenciada na ONU e nos países afetados pelas instruções foram encarregados de realizar a "espionagem branda", segundo comunicados classificados como secretos. Os despachos pedem "inteligência humana", dados conseguidos em contatos pessoais ou em relações informais. Também foram solicitadas informações biográficas, biométricas e financeiras sobre líderes palestinos.

Instruções para uma espionagem semelhante foi enviada a outros países. A embaixada de Assunção teve que recolher dados físicos dos aspirantes à Presidência do Paraguai em 2008. Isso incluiu até scanner da íris, impressões digitais e DNA de quatro candidatos.

Dados solicitados:
Objetivos e atividades palestinas relacionadas com as políticas dos EUA sobre o processo de paz e o combate ao terrorismo

Informações biográfica, biométrica e financeira sobre os líderes palestinos e do Hamas

Planos e atividades concretas do Reino Unido, França, Alemanha e Rússia sobre as políticas da Agência Internacional de Energia Atômica

Intenções dos líderes e países mais influentes da ONU, especialmente Rússia e China, sobre direitos humanos no Irã, sanções ao Irã, fornecimento de armas iranianas ao Hamas e Hizbollah e sobre as candidaturas que o Irã apresenta para ocupar postos-chave na ONU

A Casa Branca atacou a divulgação dos documentos diplomáticos, referindo-se a "uma ação negligente e perigosa" que põe vidas em risco pelo mundo.

"Para sermos claros, estas revelações põem em risco nossos diplomatas, profissionais de inteligência, e pessoas em todo o mundo que veem aos Estados Unidos para ajudar a promover a democracia e o governo aberto", declarou o secretário de imprensa da Casa Branca, Robert Gibbs, em um comunicado.

O presidente Barack Obama "apoia um governo aberto, responsável e confiável em casa e em todo o mundo, mas esta ação negligente e perigosa vai contra este objetivo", acrescentou Gibbs. "Condenamos nos termos mais fortes a revelação não autorizada de documentos secretos e informações de segurança nacional", finalizou.

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