segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"COOPERAÇÃO INTERNACIONAL - Nobel da Paz critica relação de Lula com Irã"

O presidente Lula teria ignorado os pedidos de defender os oprimidos pelo regime islâmico, segundo Shirin Ebadi. Para ela, o brasileiro esqueceu seu passado como sindicalista
FOTO: REUTERS

Shirin Ebadi também pediu a Dilma Rousseff que mantenha o diálogo com o movimento de mulheres iranianas

Teerã. A Nobel da Paz iraniana, Shirin Ebadi, pediu, ontem, à presidente eleita, Dilma Rousseff, que caso visite o Irã "não cubra a cabeça com um véu", para defender os direitos das mulheres. A pacifista foi laureada com o Nobel em 2003.

"Todas as mulheres, muçulmanas ou não, que chegam ao Irã têm que cobrir a cabeça. Alguém tem que mostrar ao governo do Irã que esta lei não é correta", afirmou Shirin.

Dilma, que substituirá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 1º de janeiro, não antecipou como serão suas relações com o Irã, mas precisou que tem "uma posição bem intransigente" em relação à defesa dos direitos humanos.

Shirin também pediu à presidente eleita que converse com movimentos independentes de mulheres iranianas, "não só com as que estão no Parlamento", e criticou Lula por ignorar seus pedidos de defender os oprimidos pelo regime islâmico.

"Lula visitou Teerã, abraçou o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, deu um beijo no rosto e foi embora. Parece que se esqueceu das pessoas que morrem e são presas no Irã", assinalou.

A advogada e opositora iraniana lembrou o passado sindicalista do presidente Lula e disse que lhe enviou "mensagens" para que se reunisse com as famílias de trabalhadores presos por serem sindicalizados.

"Quando Lula esteve no Irã, Mansour Osanlou, um líder sindical como ele, já cumpria uma pena de cinco anos. A Organização Mundial do Trabalho pediu sua libertação, mas Lula ignorou", acrescentou.

Programa nuclear:
Recentemente o governo brasileiro estreitou relações com o Irã e defendeu seu direito de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos.

Na sua visita a Teerã em maio, Lula e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, assinaram um acordo com o Irã para a troca de urânio destinado a seus reatores nucleares com fins científicos.

Este acordo foi rejeitado pelas potências nucleares, que acusam Teerã de ocultar em seu programa civil outro clandestino, com objetivos militares, para criar bombas atômicas.

Em setembro, a Nobel da Paz convocou todos os governantes do mundo a lutar pelo fim das execuções por apedrejamento no Irã.

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