quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"IMPRUDÊNCIA - Pescador desaparece no mar"

Praia do Mucuripe: Colônia Z8, em Fortaleza, denuncia que a maioria dos pescadores não utiliza equipamentos de segurança e se aventuram em embarcações sem salva-vidas
FOTO: ALEX COSTA

Capitania dos Portos reforça a necessidade de instrumentos de proteção para evitar tragédias no litoral

O pescador Evaldo Freitas da Silva desapareceu em alto mar no último dia 5. O secretário da Colônia de Pescadores Z8 em Fortaleza, Sebastião da Silva Ramos, credita o acidente a falta de equipamentos de proteção. A Capitania dos Portos não confirma a morte do pescado.

Três pescadores saíram no próprio dia 5 para pescar e naquela noite sentiram falta de Evaldo Silva. "Não vamos saber nunca o que aconteceu. Ele pode ter passado mal, desmaiado e caiu no mar. Só sei que se ele (Evaldo) estivesse de colete poderia estar vivo agora contando o que houve", disse o secretário da Colônia Z8.

No dia 23 julho último, outro, pescador Lins Alves Teixeira, caiu no mar após ter sofrido um possível acidente vascular cerebral (AVC).

Buscas:
Um navio da Marinha realizou buscas do pescador até o último dia 10. A Capitania dos Portos dá o caso por encerrado. Para o comandante da Capitania, Euller Braga, o desaparecimento de Evaldo há 19 dias é uma demonstração de que muitos pescadores não usam equipamentos de proteção.

Ele lamentou o acidente, mas disse esperar que o fato sirva como aprendizagem para os que trabalham no mar para que invistam na prevenção.

"Há uma legislação que obriga o porte de salva-vidas nas embarcações, mas nem todos usam, dizem que atrapalha o movimento da pesca e que é ruim de usar em alto mar. Poderíamos evitar mais mortes se todos fossem conscientes", disse o comandante.

Triste com a perda do amigo, o pescador Dimas Pereira, 51, confirmou que é possível flagrar, sem muito esforço, a maioria dos trabalhadores indo para o mar sem os equipamentos. "Quando voltam, contam aventuras e riscos que correram quando o mar fica com ressaca e as ondas e ventos fortes arrastam o barco para dentro do mar. Todo dia é um perigo, a gente saí de casa sem saber sem volta", lamentou.

Assim como ele, outros reclamam da fúria das ondas no litoral de Fortaleza, da pouca produção, do sol quente, dos ventos assustadores e da solidão na vida de marinheiro. Para o pescador Manuel Nascimento, 59, o mais difícil mesmo é receber a notícia da morte de um amigo e ficar com medo de você também ser o próximo à partir.

"Sabemos dos riscos, mas nem todos são conscientes, parecem que gostar de ficar frágil. Não podemos enfrentar o mar, temos de respeitá-lo", disse.

IVNA GIRÃO
ESPECIAL PARA CIDADE DN.

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