quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"ACUSAÇÕES DE ESTUPRO - Interpol pede prisão do fundador do WikiLeaks"

Julian Assange é procurado na Suécia por crimes sexuais cometidos em agosto; ele nega todas as acusações
FOTO: REUTERS

Advogado afirma que seu cliente está sendo perseguido por divulgar material secreto da diplomacia americana

Lyon, França. A Interpol emitiu, ontem, uma ordem de detenção do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, cujo site publica desde o último domingo uma série de documentos secretos de embaixadas dos Estados Unidos, que provocaram uma crise na diplomacia mundial.

A organização policial internacional, com sede em Lyon, na França, informou ter transmitido a seus 188 Estados uma "notificação vermelha" contra Assange, australiano de 39 anos, procurado na Suécia por acusações de estupro e agressão sexual.

A Interpol recebeu "o pedido de captura para extradição" da Suécia em 20 de novembro. As "notificações vermelhas" são usadas para solicitar a prisão preventiva para extradição de uma pessoa procurada, e é baseada em uma ordem de prisão ou em uma decisão judicial.

O advogado de Assange, Mark Stephens, recorreu da ordem de prisão e afirmou que o pedido de prisão é uma reação dos Estados Unidos à divulgação dos documentos secretos.

"Estamos investigando também se o pedido do promotor (sueco) de que Assange seja detido sem acesso a advogados, visitantes e outros presos está ligado a esse assunto (os vazamentos do Wikileaks) e as declarações recentes e bastante belicosas dos Estados Unidos de uma intenção de processar Assange", afirmou Stephens.

O jurista ainda acusou a Justiça de perseguir seu cliente, afirmando que Assange tentou de reunir-se com o promotor, mas que seus pedidos foram ignorados ou rejeitados.

O advogado não informou o paradeiro de seu cliente, que, segundo jornais britânicos, está escondido no Reino Unido.

No último dia 18 de novembro, a Polícia sueca emitiu uma ordem de busca e captura contra Assange para interrogá-lo por suspeitas de estupro e agressão sexual num caso que remonta ao mês de agosto. Ele nega todas as acusações.

Site suspenso:
O serviço de hospedagem de sites da gigante da informática Amazon concordou em interromper o acesso às páginas do WikiLeaks, ontem, segundo afirmou o senador americano Joe Lieberman e o próprio site. A suspensão do serviço não impede o acesso ao site, já que o WikiLeaks tem outras empresas servidoras.

O próprio Lieberman pediu à Amazon que vetasse o acesso à página neta terça-feira, quando a imprensa relatou que o WikiLeaks contratara o gigante da Internet para difundir os mais de 250 mil arquivos secretos americanos. A ideia do WikiLeaks era fugir de hackers.

O porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, afirmou que o site tem "seus próprios caminhos e modos de superar qualquer suspensão". O WikiLeaks deve voltar ao seu servidor na Suécia, Bahnhof, país onde fica a sede da empresa.

REVELAÇÕES SOBRE O BRASIL
EUA esperam atraso em obras no País

Washington. Em mais um documento secreto da diplomacia dos Estados Unidos divulgado pelo site WikiLeaks, o governo americano afirma que espera atrasos nas obras para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e vê, ao mesmo tempo, a possibilidade de se aproximar do Brasil e de enfrentar um ônus "para garantir que os padrões necessários sejam alcançados".

No relatório da embaixada americana com data de dezembro de 2009, a ministra conselheira da embaixada, Lisa Kubiske, reclama de "muita promessa e pouca ação"

Em outro relatório, Clifford Sobel, ex-embaixador americano no Brasil, minimiza as preocupações do governo brasileiro com a segurança da Amazônia e da região onde foram descobertas as reservas de petróleo da camada pré-sal. Em uma mensagem com comentários sobre a Estratégia Nacional de Defesa, enviada a Washington em janeiro de 2009, Sobel sugere que os temores com a região amazônica atendem a outros objetivos. A preocupação política com imaginadas ameaças à soberania na Amazônia serviria ao objetivo prático de "dar aos militares a tarefa de desenvolver maiores capacidades para projetar poder na região com maior probabilidade de ser afetada pela instabilidade em países vizinhos".

Ainda segundo os documentos, o governo norte-americano viu na estratégia brasileira de reforçar suas capacidades militares um modo de "apoiar os interesses dos EUA". O documento faz ressalvas à ideia de o Brasil almejar um submarino nuclear, qualificando-a como um "elefante branco".

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