segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

"COSTA DO MARFIM - ´Intervenção causará guerra´, diz presidente"

Apesar do resultado da eleição, Laurent Gbagbo está irredutível e afirma que foi o verdadeiro vencedor
REUTERS

Mesmo derrotado nas eleições, Laurent Gbagbo não quer deixar o poder. Países vizinhos ameaçam intervir

Abdjã. O presidente marfinense Laurent Gbagbo parece firme em sua posição de conservar o poder: ontem, reagiu à ameaça de intervenção dos países vizinhos afirmando que qualquer tentativa de derrubá-lo provocará uma guerra civil e arruinará a economia regional.

Amanhã, três presidentes africanos visitarão Abidjã em uma última tentativa de convencer Gbagbo, de 65 anos, a ceder o poder a Alassane Ouattara, que venceu as eleições de 28 de novembro. Caso isto não aconteça, o próximo passo das potências regionais pode ser uma intervenção militar.

Gbagbo, que alega ser o verdadeiro vencedor do pleito presidencial, está irredutível em sua posição, e recusa-se a entregar o poder ao rival Ouattara - cujo triunfo nas urnas foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelas comunidade internacional.

O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon e vários líderes mundiais já alertaram Gbagbo de que sua teimosia pode levar o país a uma nova guerra civil. Partidários do presidente, entretanto, inverteram a situação, afirmando que uma eventual intervenção dos países africanos para tirar Gbagbo do poder será o estopim da guerra civil.

"Complô ocidental"
Ahoua Don Mello, porta-voz do regime, declarou que a ameaça lançada pela Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste (CEDEAO) de recorrer à força para tirar Gbagbo do poder é "um complô ocidental coordenado pela França", e disse que se esta intenção for concretizada, não se responsabiliza pela segurança dos milhões de imigrantes regionais que vivem na Costa do Marfim.

Mello afirmou "não acreditar de forma alguma" em uma intervenção militar na Costa do Marfim, justamente por haver milhões de cidadãos de outros países da África ocidental trabalhando nas lavouras de cacau do país. "A Costa do Marfim é um país de imigrantes. Todos estes países têm cidadãos na Costa do Marfim, e eles sabem que se nos atacarem o conflito se tornará uma guerra interna", afirmou.

Apesar dos dez anos de crise, a Costa do Marfim ainda é uma economia importante na região. O país exporta mais de um terço do cacau consumido no mundo e mantém uma pequena mas promissora produção de petróleo, além de operar dois dos principais portos da região.

A oposição convocou, ontem, uma greve geral de trabalhadores para hoje como uma tentativa desesperada de forçar a saída de Gbagbo.

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