domingo, 19 de dezembro de 2010

WIKILEAKS - Chávez teria ajudado em fuga de terroristas

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, sempre negou qualquer ligação ou tentativa de proteger o grupo terrorista ETA, que luta pela independência do País Basco, na Espanha
REUTERS

Presidente cubano desde a saída do irmão Fidel Castro, Raúl teria demonstrado interesse em aproximação com os EUA
AFP

Documento revelado faz ligação entre o presidente venezuelano e o grupo terrorista basco ETA, além das Farc

Caracas. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, teria facilitado a fuga de três membros do ETA - grupo terrorista basco - no país, segundo despacho dos EUA revelado pelo WikiLeaks.

O relato, datado de setembro de 2008, é atribuído ao ex-diretor da agência de inteligência espanhola e à época embaixador nos EUA, Jorge Dezcallar, em uma conversa com a então secretária norteamericana de Estado, Condoleezza Rice.

Dezcallar diz no texto que, em 2002, foi obrigado a esperar por três horas numa sala para ter audiência com Chávez, tempo que teria sido utilizado pelo venezuelano para facilitar a fuga dos homens.

No encontro, Dezcallar faria a petição oficial para que Caracas entregasse seis supostos membros do ETA localizados na Venezuela pela agência espanhola CNI (Centro Nacional de Inteligência). Ele afirma que apenas quando saiu do encontro compreendeu que o mandatário perdera tempo suficiente para deixá-los escapar.

Ainda segundo o ex-diretor, a localização, as atividades e os históricos dos seis supostos terroristas haviam sido fornecidas por Madri.

Relação com as Farc
Os suspeitos eram acusados pelo assassinato de 36 espanhóis. Ao final, três deles foram entregues à Espanha.

Os demais, diz Dezcallar, desapareceram de seus domicílios e possivelmente foram informados por funcionários espanhóis das intenções do governo daquele País. Um dos foragidos, José Lorenzo Ayestarán, 52, foi preso neste ano na França. Ayestarán havia retornado às suas atividades do ETA e estaria preparando novas ações quando foi capturado.

O suposto abrigo de membros do grupo separatista por Chávez tem sido fonte de atrito entre Espanha e Venezuela desde a chegada do mandatário ao poder, em 1999.

O venezuelano sempre negou proteger o grupo terrorista, que luta pela independência do País Basco, região entre Espanha e França.

Atualmente enfraquecido, o ETA anunciou há três meses um cessar-fogo.

Em outubro deste ano, a Chancelaria da Espanha disse que dois detidos do grupo teriam afirmado que foram treinados na Venezuela.

Elo entre países
O elo do ETA no país seria Arturo Cubillas, um homem supostamente de nacionalidades espanhola e venezuelana, que ministraria cursos também para as Farc colombianas. Cubillas é funcionário do Ministério da Agricultura da Venezuela.

No mesmo documento revelado pelo WikiLeaks, Rice afirma que os Estados Unidos haviam "descoberto" que ignorar Hugo Chávez é mais eficiente, e que a falta de atenção o frustra mais do que as críticas.

CUBA
Raúl Castro propôs contato com os EUA

Havana. O presidente de Cuba, Raúl Castro, manifestou ao ex-chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos o desejo de estabelecer um "canal secreto de comunicações" com os Estados Unidos, segundo um documento diplomático dos EUA revelado pelo site WikiLeaks e publicado pelo jornal "El País".

Raúl expressou essa ideia num encontro realizado em outubro de 2009 em Cuba, segundo relato feito por Moratinos à secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, em dezembro do ano passado, e reproduzido na comunicação diplomática - parte de um lote de mais de 250 mil documentos, cujo vazamento irritou o governo norte-americano.

O texto, datado de 18 de dezembro de 2009, cita também a sugestão de Moratinos de que o assunto fosse tratado pelo primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e pelo presidente dos EUA, Barack Obama, num encontro que teriam logo mais. Cuba e Estados Unidos, inimigos ideológicos, não têm um canal direto de comunicações, pois romperam relações diplomáticas depois da Revolução Cubana de 1959.

Outro despacho oficial norte-americano de dias antes - enviado pela Seção de Interesses dos EUA em Havana, uma espécie de embaixada na ausência de relações oficiais - citou um encontro entre o embaixador espanhol em Cuba, Manuel Cacho, e um conselheiro político norte-americano, em que Cacho fala de um "canal político com a Casa Branca".

"Só por meio desse canal político poderia o GOC (governo de Cuba, na sigla em inglês) dar passos importantes para atender às preocupações norte-americanas", disseram os cubanos, segundo relato de Cacho, embora o comunicado destaque que o diplomata não esteve no encontro entre Moratinos e Raúl.

Em resposta, o conselheiro norte-americano apresentou uma lista de situações específicas em que os Estados Unidos estiveram em contato com o governo cubano e feito avanços.

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