terça-feira, 14 de setembro de 2010

"DENÚNCIA DE FAVORECIMENTO - Lula pede a Erenice rapidez nas respostas"

Mesmo com as denúncias, o presidente mostra tranquilidade e espera explicações da ministra da Casa Civil
FOTO: ANTONIO CRUZ/ABR

Reportagem da Veja aponta envolvimento da ministra da Casa Civil em esquema de lobby para beneficiar seu filho.

Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, no Palácio da Alvorada, para recomendar rapidez na apresentação de respostas às denúncias de envolvimento em esquema de lobby para beneficiar seu filho, Israel Guerra.

Segundo um assessor próximo ao presidente, Lula está tranquilo e espera os desdobramentos do caso. De acordo com o assessor, o que existe é o desmentido do principal acusador do esquema, denunciado pela revista Veja, o empresário Fábio Baracat. A revista, porém, alega que tem a entrevista gravada do empresário.

A reportagem da "Veja" traz a denúncia de que Israel Guerra, filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, fez lobby para empresas aéreas com interesses na obtenção de contratos com os Correios.

Segundo a revista, o lobby teria rendido ao filho de Erenice uma comissão de cerca de R$ 5 milhões.

Na ocasião, a Casa Civil era chefiada por Dilma Rousseff e Erenice ocupava o posto de secretária executiva, atuando como principal auxiliar da hoje candidata do PT ao Planalto.

Investigação

A Comissão de Ética Pública, ligada à Presidência da República, abriu procedimento para investigar a ministra da Casa Civil. O advogado Fabio Coutinho foi designado relator do caso, e terá 10 dias para apresentar o resultado da análise. O prazo poderá ser prorrogado.

Coutinho disse que o grupo aceitou um pedido da própria Erenice para ser investigada, mas que independente do pedido, a comissão iria analisar o caso, diante da repercussão da denúncia na imprensa.

Ontem, Erenice se reuniu com advogados para agilizar a quebra dos seus sigilos e do filho, Israel Guerra. A ministra fez o pedido por meio de ofício encaminhado ao presidente da Comissão, José Paulo Sepúlveda Pertence. No documento diz que, se necessário, abre mão dos seus sigilos bancário, telefônico e fiscal, e também de seu filho Israel Guerra. Coutinho avaliou que o ideal é que o caso seja analisado antes das eleições de 3 de outubro.

Ele disse que não poderia fazer comentários sobre a denúncia porque não pode antecipar o mérito do julgamento. Informou que há uma norma em relação à questão do nepotismo no serviço público, mas não sabe se essa norma também se aplicaria no caso de Erenice. O advogado refere-se à denúncia de envolvimento de parentes de Erenice na contratação de escritório de advocacia, sem licitação, que tinha entre os sócios o irmão da ministra.

Coutinho disse que seu relatório poderá seguir dois caminhos: mostrar que houve ou não problema ético por parte da ministra. "Se houve falta ética, haverá recomendação de que existiu uma quebra de conduta e evidentemente haverá uma recomendação nesse sentido".

CONTRA-ATAQUE

Ministra resolve protestar revista

Brasília. Depois de se reunir com advogados, na tarde de ontem, a ministra Erenice Guerra (Casa Civil) anunciou que entrará com ação contra a revista "Veja" por calúnia.

Reportagem publicada na revista no fim de semana aponta que Erenice teria atuado para viabilizar negócios nos Correios intermediados por uma empresa de consultoria de propriedade de seu filho, Israel Guerra.

A ministra, informa a revista, se encontrou quatro vezes, fora da agenda oficial, com o empresário Fábio Baracat, ex-sócio da MTA Linhas Aéreas, que atua com transporte de correspondências.

Todos os encontros, afirma a revista, aconteceram fora da Casa Civil, sempre com a participação do filho de Erenice.

Erenice contratou o escritório de advocacia Tojal, Teixeira Ferreira, Serrano e Renault Advogados Associados, por indicação do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos "para atuar nas ações judiciais contra as calúnias publicadas pela revista Veja desta semana, todas já contestadas por meio de nota à imprensa." A informação foi divulgada por meio da assessoria de imprensa da Casa Civil.

No sábado, ela havia divulgado uma nota prometendo processar a revista e afirmou que colocaria seus sigilos fiscal, bancário e telefônico e os de sua família à disposição das autoridades competentes.

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