sábado, 4 de dezembro de 2010

"VAZAMENTOS DO WIKILEAKS - Amorim negou pedido dos EUA de receber presos"

Celso Amorim disse ter negado o pedido por não ser "conveniente" receber acusados de terrorismo no País
FOTO: ABR

Julian Assange respondeu a perguntas de internautas e disse que publicará documentos com referências a Ovnis

Ministro admitiu que os Estados Unidos consultaram o Brasil para receber detidos na base militar de Guantánamo

Rio de Janeiro. O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim confirmou, ontem, que o Brasil foi sondado pelo governo dos Estados Unidos para receber presos libertados da prisão de Guantánamo, em Cuba sob acusação de terrorismo. A informação foi revelada com a divulgação da correspondência de diplomatas americanos pelo site WikiLeaks.

O ministro não soube precisar o período em que a sondagem foi feita, mas confirmou que a recusa foi determinada por ele, pessoalmente. "Lembro de terem me consultado e eu ter achado que não era conveniente. O mais normal seria, se são inocentes, encontrarem de volta seu caminho na vida", disse o ministro em evento no Palácio Itamaraty, no Rio.

O ministro afirmou não se lembrar exatamente do impedimento legal de receber os presos como refugiados e citou como um dos inconvenientes o fato de eles terem sido acusados de terrorismo. Ele ainda minimizou os vazamentos publicados. "Vamos ser francos: ali não tem nada ´top secret´", afirmou.

O ministro ressaltou, no entanto, ter gostado de saber da correspondência da embaixada americana em Honduras para os Estados Unidos classificando a queda do ex-presidente Manuel Zelaya como um golpe de Estado. "É muito interessante, porque nós fomos criticados aqui (por afirmar que havia sido golpe)", considerou.

Segundo outros documentos vazados, o México alertou os Estados Unidos sobre o ativismo do presidente venezuelano Hugo Chávez na América Latina, e pediu que Washington comprometesse o Brasil para ajudar a freá-lo. "Os Estados Unidos têm de estar prontos para comprometer o próximo presidente do Brasil", indica a mensagem do embaixador americano Carlos Pascual, em outubro de 2009.

"O Brasil é vital para conter Chávez", disse o presidente mexicano Felipe Calderón, lamentando que o colega Luiz Inácio Lula da Silva tenha sido reticente em fazê-lo.

Críticas de Lula:
Lula criticou o teor dos documentos revelados pelo site WikiLeaks, comparando-os às fichas produzidas pelos militares brasileiros na época da ditadura e que continham, conforme observou, muitas mentiras e nada de consistente. Até então, o presidente vinha adotando um discurso mais cauteloso, dizendo que as notícias eram insignificantes para o Brasil.

"Acho que isso é uma lição para que, daqui para a frente, os embaixadores passem telegramas com mais responsabilidade", afirmou Lula.

O presidente também negou que o Brasil faça uma política externa antiamericana, como constou em um dos despachos vazados. O telegrama do então embaixador Clifford Sobel citava uma conversa com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que, segundo o telegrama, afirmava que a política externa do Itamaraty era contra os EUA.

"Os Estados Unidos são um parceiro excepcional, um parceiro privilegiado. Temos relações políticas, comerciais, culturais muito importantes", disse.

DONO DO SITE:
Assange diz que se protege de ameaças

Londres. O homem mais procurado do momento, Julian Assange, criador do site WikiLeaks, reapareceu na imprensa, ontem, para responder perguntas de internautas do jornal britânico "The Guardian". Questionado desde as ameaças de morte que recebe a possíveis vazamentos sobre vida extraterrestre, Assange fez duras críticas à pressão dos governos ocidentais, mas fugiu quando um ex-diplomata o perguntou sobre as consequências dos vazamentos para o trabalho da diplomacia.

Assange, que, segundo informações da imprensa, pode estar no Reino Unido, é alvo de uma ordem de prisão emitida pela justiça sueca por um suposto caso de estupro, o que originou nesta semana uma notificação vermelha da Interpol.

Ele afirmou que está tomando medidas de segurança. "As ameaças contra nossas vidas são de domínio público. No entanto, estamos tomando as precauções apropriadas até o limite do que podemos por estar tratando com uma superpotência", relatou.

Assange foi questionado ainda se já recebeu documentos sobre Ovnis e extraterrestres. "Muitas pessoas estranhas nos mandam e-mail sobre Ovnis e como eles descobriram o antiCristo quando conversavam com suas ex-mulheres em uma festa no jardim, em uma planta", revelou, lembrando que estes relatos não poderiam ser publicados porque não obedecem às regras do WikiLeaks de ser original e não ser de autoria de quem os envia. "Contudo, é bom ressaltar que parte dos telegramas ainda a serem publicados há efetivamente referência a Ovnis", revelou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário