"RELATÓRIO FRANCÊS - ONU teria levado cólera ao Haiti"

Mais de 2.120 morreram por cólera no Haiti. O número de pessoas atendidas com a doença chegou a 93.222

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Para as Nações Unidas, ainda não há provas conclusivas de que suas tropas teriam causado epidemia

Porto Príncipe A epidemia de cólera no Haiti que deixou mais de 2.000 mortos começou no acampamento dos soldados nepaleses da Minustah (a missão da ONU no Haiti), aponta um relatório de especialistas pedido pelo governo francês.

Em novembro, rumores de que os capacetes azuis da Organização das Nações Unidas foram os responsáveis pela epidemia de cólera no Haiti levou a uma onda de protestos que deixou ao menos dois haitianos mortos e seis soldados feridos. A missão é comandada pelo batalhão brasileiro, que mantém 2.200 homens no país.

O renomado epidemiologista francês Renaud Piarroux coordenou no mês passado uma investigação no Haiti e concluiu que a epidemia foi gerada por uma cepa importada e se propagou a partir do pequeno povoado de Mirebalais, no centro do país, onde soldados nepaleses mantêm seu acampamento.

O relatório, entregue ao Ministério de Relações Exteriores francês, aponta ainda que os casos vieram logo após a chegada das tropas no local. O estudo explica também a forma de propagação da enfermidade - os resíduos sanitários eram drenados do acampamento para o rio Artibonite, que abastece os habitantes do povoado. Segundo a análise, a corrente fluvial facilitou o contágio.

O cólera é causado por bactérias que proliferam em água ou comida contaminada, frequentemente por fezes. As pessoas mais vulneráveis são os mais jovens e os idosos.

O porta-voz do ministério, Bernard Valero, não se pronunciou sobre as conclusões do relatório, mas afirmou que uma cópia será enviada a investigadores da ONU.

Resposta:

A ONU rebateu o relatório francês e afirmou que não existem provas conclusivas de que a epidemia de cólera no Haiti tenha começado a partir de um campo de seus soldados do Nepal.

A missão das Nações Unidas no Haiti "não aceitou nem rejeitou as conclusões" de Piarroux, afirmou o porta-voz da ONU, Martin Nesirky.

"O que a missão diz é que esse informe é um entre muitos outros. A missão realizou um certo número de exames na água dentro do campo e entre o campo e o rio, e todos os resultados foram negativos", disse o porta-voz, acrescentando que não há "provas conclusivas" de que a epidemia tenha começado com os nepaleses.

Mais de 2.120 morreram por cólera no Haiti. O número de pessoas atendidas com a doença chegou a 93.222.