O chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, declarou que, pela primeira vez, o país processou urânio extraído do seu próprio território e pode evitar sanções da ONU
FOTO: REUTERS
País anuncia produção de primeiro lote de urânio concentrado na véspera da reunião com as potências mundiais
Teerã. O Irã produziu seu primeiro lote de concentrado de urânio (yellowcake), que serve de base para a produção de urânio enriquecido, a partir de um mineral extraído de uma de suas minas no sul do país, anunciou, ontem, o chefe do programa nuclear do país Ali Akbar Salehi.
Este anúncio acontece quando o Irã e o grupo de seis potências se reúnem a partir de hoje em Genebra, na Suíça, para reiniciar as negociações sobre o controvertido programa nuclear iraniano.
"O Ocidente achou que teríamos problemas com este tipo de matéria-prima, mas hoje dispomos do primeiro lote de ´yellowcake´ da mina de Gachin", declarou Salehi. Até agora, o ´yellowcake´ utilizado pelo Irã em sua cadeia de produção de urânio enriquecido era importado, segundo Salehi.
O ´yellowcake´, pó de concentrado de urânio, é utilizado para produzir gás de hexafluoreto de urânio (UF-6), que é depois injetado em centrífugas que produzem urânio enriquecido.
A produção do material pelo Irã permite ao país evitar as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU), as quais proíbem o governo iraniano de importar urânio.
Em comunicado, a Casa Branca afirmou que o anúncio iraniano "levanta preocupações". Os Estados Unidos e seus aliados temem que o Irã use a tecnologia para o desenvolvimento de armas nucleares. Teerã, por sua vez, alega que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
Negociações:
Depois de mais de um ano de suspensão, a reunião do Irã com o "Grupo dos 5+1" (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha, mais a Alemanha) colocará em teste, segundo os especialista, a vontade de Teerã em negociar sobre seu programa nuclear.
A União Europeia (UE), intermediária das grandes potências, não espera grandes resultados. A UE não esquece que, numa reunião anterior, em 2009, o Irã concordou com o princípio de enriquecer seu urânio no exterior, o que jamais cumpriu.
"Genebra será o ponto de partida de um processo", opinou a porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
De qualquer maneira, a situação é delicada, pois o Irã rejeita os ocidentais e considera que estes são responsáveis pelos atentados contra dois especialistas de seu programa nuclear.
Furioso, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, insistiu que o seu país jamais renunciará ao enriquecimento de urânio e que esta questão não é negociável.
No sábado, o Irã tentou acalmar os temores de seus vizinhos ao assegurar que jamais usará da força contra eles. "O Irã jamais utilizou sua força contra seus vizinhos e jamais o fará, pois seus vizinhos são muçulmanos", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Manuchehr Mottaki, que desmentiu novamente que seu país queira dotar-se de armas nucleares.
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