Para os israelenses, as declarações de Brasil, Argentina e Uruguai podem prejudicar acordos de paz
FOTO: Yigal Palmor porta-voz da chancelaria israelense
Jerusalém - Israel criticou a Argentina, o Brasil e o Uruguai, ontem, por declararem reconhecimento a um potencial Estado palestino, segundo as fronteiras anteriores a 1967, argumentando tratar-se de uma "interferência altamente prejudicial" por parte de países que nunca fizeram parte do processo de paz no Oriente Médio.
"Eles nunca contribuíram para o processo (...) e agora estão tomando uma decisão que vai completamente contra tudo o que foi acordado até agora", disse um porta-voz da chancelaria israelense, Yigal Palmor. "É um absurdo", complementou.
Palmor disse que Israel vai transmitir sua decepção aos governos em questão e avisar "qualquer país que siga seu exemplo" que corre o risco de causar mais confusão em torno do processo de paz.
A Argentina anunciou na segunda-feira (06/12) que reconhece a "Palestina como Estado livre e independente" e disse que a decisão segue as do Uruguai e Brasil, que no mês passado reconheceram um "Estado da Palestina baseado na fronteira pré-1967".
Israel contesta a reivindicação palestina de controle de toda a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, terras que capturou da Jordânia na guerra de 1967 e onde fixou grandes assentamentos judaicos.
"Tal declaração hoje apenas prejudica o processo de paz, porque simplesmente encoraja os palestinos a continuar resistindo, na esperança de que algum milagre caia do céu ou que a comunidade internacional imponha algum tipo de acordo a Israel", disse o vice-chanceler Danny Ayalon.
"E o importante é que os americanos tampouco aceitam isso", disse Ayalon .
A maior parte do mundo ignorou a declaração de um Estado palestino feita por Yasser Arafat em 1988. Mas, com o processo de paz murchando, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse que outras opções podem incluir buscar o reconhecimento do Estado palestino nas Nações Unidas - embora ele tenha admitido que seja pouco provável conseguir o apoio dos Estados Unidos (EUA).
As negociações de paz mediadas pelos EUA, e que começaram há duas décadas, se baseiam na premissa de um Estado palestino delineado com o consentimento de Israel.
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