terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Internacional, RESSÃO DO OCIDENTE - Irã e 6 potências discutem sobre a questão nuclear"

Grupo 5 + 1 espera que o Irã possa convencer o mundo de que seu programa nuclear não tem intenções militares
REUTERS

Presidente eleita disse ser totalmente contra casos de apedrejamento de mulheres, como os ocorridos no Irã

Grupo 5 + 1 pressiona o Irã para que não haja mais enriquecimento de urânio. País reafirma intenções pacíficas

Genebra, Suíça. As negociações entre a República Islâmica e os países do grupo 5+1 (Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e EUA) começaram ontem, após mais de um ano de polêmica sobre o programa nuclear iraniano, que já foi motivo de sanções do Conselho de Segurança da ONU, ainda em junho.

"As reuniões já começaram", disse uma fonte da chancelaria suíça. As potências são representadas pela chefe de diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, e o Irã tem em Said Jalili seu principal negociador.

O Ocidente acusa Teerã de produzir urânio enriquecido com a finalidade de produzir a bomba atômica, o que o governo iraniano nega.

Na véspera do encontro o Irã enviou uma clara mensagem ao 5+1 anunciando que já é autossuficiente na produção de pó de urânio, material usado como base para a obtenção de urânio enriquecido. As potências querem a suspensão da produção de urânio enriquecido - que pode ter uso tanto civil como militar- em troca de benefícios diplomáticos futuros.

Na semana passada, no entanto, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad deixou claro que a interrupção total de seu programa nuclear está fora de questão e não será discutida nas reuniões. "Qualquer assunto relativo às atividades nucleares do Irã deveriam ser resolvidas no âmbito da Agência de Energia Atômica das Nações Unidas (AIEA)", disse Ali Baqeri, vice-chefe da delegação iraniana em Genebra.

Analistas indicam que a morte de um cientista nuclear iraniano em atentado na semana passada - atribuído por Ahmadinejad aos serviços secretos de Israel e dos EUA- pode dificultar o sucesso das reuniões de ontem e hoje, na Suíça.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou em junho uma sexta rodada de sanções contra o Irã, a fim de obrigar o país a retomar as conversações, algo que só ocorreu ontem, 14 meses depois da implementação das medidas.

O Irã sustenta que suas ambições nucleares são pacíficas e nega que busque desenvolver armas atômicas, mas se recusou a aceitar as exigências da ONU para que detenha o enriquecimento de urânio.

Os líderes árabes do Golfo têm adotado uma posição pacífica e paciente a respeito do Irã, temendo provocar seu poderoso vizinho. Em maio deste ano, após mediação de Brasil e Turquia, o Irã apresentou uma versão de um acordo nuclear, aprovado por Brasília e Ancara, mas os EUA e seus aliados recusaram a proposta e deram prosseguimento a uma série de sanções contra o País.

Tensão:
13 mil já teriam morrido em atentados no Irã, diz o governo iraniano, que acusa países do ocidente de financiar ataques terroristas em seu território

DIREITOS HUMANOS:
Dilma se diz contra abstenção brasileira

A presidente eleita, Dilma Rousseff, afirmou discordar da abstenção do Brasil em votação na ONU de uma resolução que condena violações de direitos humanos no Irã.

A declaração foi dada em entrevista concedida por Dilma ao jornal americano "The Washington Post", publicada na edição de domingo.

A resolução a que se refere foi votada e aprovada na Assembleia-Geral das Nações Unidas, há duas semanas.

O texto aprovado cita preocupação com casos de tortura, alta incidência de penas de morte, violência contra mulheres e perseguição a minorias étnicas e religiosas. Foram 80 votos a favor da resolução da ONU, 44 contra e 57 abstenções. Além do Brasil, se abstiveram Índia, África do Sul e Egito.

"Minha posição não mudará quando eu assumir o cargo. Não concordo com a forma como o Brasil votou", disse ela.

"Não sou a presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento", reiterou Dilma Rousseff.

O tema do apedrejamento está na pauta internacional desde que a iraniana Sakineh Ashtiani foi condenada à morte por supostamente ter cometido adultério. Entidades de direitos humanos dizem que ela foi forçada a confessar o suposto crime.

Na semana de sua eleição, Dilma já havia afirmado que se opunha à decisão do governo do Irã. "Eu sou radicalmente contra o apedrejamento da iraniana. Não tenho status oficial para fazer isso, mas externo que acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento da Sakineh".

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