segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"Berzoini quer apurar dossiê"

FOTO: DENISE MUSTAFA

O ministro da Fazenda foi alvo de um dossiê que o governo atribui a uma ala do PT egressa do sindicalismo bancário

Brasília - Apontado pelo Palácio do Planalto como um dos suspeitos de produzir um dossiê contra o ministro Guido Mantega (Fazenda), o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT, divulgou ontem em seu blog uma carta em que se defende das acusações.

Ele diz ter procurado Mantega e pedido a ele uma investigação para apurar responsabilidades pela elaboração do material. Conforme a Folha de S.Paulo revelou sábado, o ministro da Fazenda foi alvo de um dossiê que o governo atribui a uma ala do PT egressa do sindicalismo bancário.

O material acusa a filha do ministro, Marina Mantega, de suposto tráfico de influência dentro do Banco do Brasil - o que ela nega.

O objetivo era fazer com que Guido Mantega desistisse da nomeação de Paulo Caffarelli, vice-presidente do BB, para a presidência da Previ (fundo de pensão dos funcionários do banco), cujo patrimônio hoje soma cerca de R$ 150 bilhões.

Caffarelli acabou não nomeado, assim como o nome defendido para a Previ pelos petistas da área bancária.

"Recentemente, em conversa com o ministro Mantega, sobre outros assuntos de interesse da política econômica, comentei sobre a tal carta apócrifa. (...) Sugeri ao ministro que determinasse ao BB a abertura de sindicância interna para apurar eventual participação de funcionários do banco em sua elaboração´´, escreveu Berzoini em sua página na internet.

O deputado também nega que seu afastamento da campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) tenha relação com o episódio. "Gostaria de dedicar o ano de 2010 ao meu mandato´´, afirmou. O atual presidente do PT, José Eduardo Dutra, confirmou que o dossiê, também nomeado por ele como "carta apócrifa´´, circulou em abril, como consta na reportagem da Folha de S.Paulo.

Ao analisar o caso, foi irônico. "Desde a novela "Direito de Nascer´ , nunca uma carta anônima teve tanto destaque na imprensa.´´ Sobre o fogo amigo petista, o senador tucano Alvaro Dias (PR) afirmou que o PT estaria se especializando na elaboração de dossiês. "Quando se começa a esquecer o último, aparece outro.´´ Estão sendo apontados dois supostos autores, ambos filiados ao PT e muito próximos de Berzoini.

O primeiro se chama Alencar Ferreira, secretário-executivo do Ministério do Trabalho na gestão de Berzoini, que comandou a pasta entre 2004 e 2005. Ele nega quaisquer irregularidades. O segundo suspeito, para integrantes do governo, é José Luís Salinas, que perdeu o cargo de vice-presidente de tecnologia do BB em junho.

Salinas testemunhou, segundo executivos do banco ouvidos pela Folha, encontros de Marina, filha de Mantega, com Caffarelli no prédio da Paulista. Apenas pessoas de dentro da máquina pública saberiam dos encontros entre ambos.

As suspeitas do governo chegaram ao conhecimento dos bancários. Em meados de maio, Alencar Ferreira ligou para dois vice-presidentes do BB para dizer que nada tinha a ver com o dossiê. Berzoini, por sua vez, perdeu no começo de julho os últimos cargos de sua indicação na direção do BB.

Após a saída de Salinas, seu apadrinhado, caíram os diretores José Raya (tecnologia) e Sebastião Brandão (logística). Berzoini também não participa do comando da campanha de Dilma, como foi cogitado, pela direção petista

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