segunda-feira, 16 de agosto de 2010

"AFIRMAÇÃO DE FHC - ´Brasil tem medo de Chávez´"

Para o ex-presidente, o partido de Lula "tem uma indefinição a respeito dos valores que devem ser defendidos"

Brasília. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que o Brasil parece ter medo do venezuelano Hugo Chávez, "já que não exige que ele cumpra seus compromissos, como os que assinou" ao se integrar ao Mercosul.

"O coração do Partido dos Trabalhadores, ao qual pertence Lula, bate por Chávez", afirmou FHC em entrevista ao jornal chileno "La Tercera".

De acordo com o ex-mandatário, que governou entre 1995 e 2002, o governo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva - que deixará o cargo no fim deste ano - "tem uma indefinição a respeito dos valores que devem ser defendidos".

A Venezuela aguarda a aprovação do Paraguai ao protocolo de adesão que permite sua entrada como membro pleno do Mercosul. Brasil, Uruguai e Argentina já sancionaram o texto.

Segundo a publicação, o ex-presidente afirmou que Chávez conseguiu fundir sua imagem com a esquerda, ainda que nem ele nem seu afã por aumentar o tamanho do Estado representam "o que a esquerda é". "Esta imagem que projeta Chávez impediu que fossem tomadas muitas ações contra ele. Os presidentes latino-americanos não souberam lidar com o venezuelano", acrescentou FHC.

Para o ex-chefe de Governo, o Brasil "perdeu oportunidades de mediar conflitos como o da Argentina e Uruguai pela fábrica de pasta de celulose ou o da Colômbia e Venezuela".

A disputa entre os governos de José Mujica e Cristina Kirchner dizia respeito a uma indústria construída no lado uruguaio do Rio Uruguai, acusada pelos argentinos de poluir a região. Com a sentença da Corte Internacional de Justiça sobre o caso, em abril, a qual recomendou o controle compartilhado da área, o conflito foi resolvido.

"Se bem que no econômico o Brasil cumpriu um papel relevante em instâncias como o G20 (grupo dos países mais industrializados do mundo e dos principais emergentes), sendo uma voz importante nos esforços para diminuir as desigualdades, isso não se fez com a mesma força na América Latina", opinou FHC.

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