sábado, 14 de agosto de 2010

"PRESSÃO INTERNACIONAL - Irã revisa condenações ao apedrejamento"

Advogado teme que outras mulheres sejam executadas, pois outros casos não tiveram a atenção da imprensa
FOTO: REUTERS

Governo iraniano revisa sentenças de pena de morte após a repercussão do caso de Sakineh Ashtiani

Teerã. Após as críticas da comunidade internacional à condenação de Sakineh Mohammadi Ashtiani, 42, à pena de morte por apedrejamento, o Irã está revisando as penas impostas a outras mulheres, informou o jornal britânico "The Guardian".

Segundo a publicação, assim como Sakineh, Mariam Ghorbanzadeh, 25 - que estava grávida de seis meses e abortou após ser espancada na cadeia - havia sido inicialmente condenada ao apedrejamento por adultério. No entanto, a sentença foi alterada para enforcamento. A decisão foi motivada pelo temor de autoridades iranianas de sofrerem mais condenação internacional devido à bárbara forma de punição contra mulheres.

No entanto, o advogado de Ghorbanzadeh, Houtan Kian - que também representa Sakineh e outras duas mulheres detidas na prisão de Tabriz por adultério - diz temer que as suas outras clientes sejam executadas. "Meu medo é que o Irã execute Mariam e as outras duas mulheres, já que os demais casos não atraíram tanto a atenção da imprensa", explicou.

Uma das clientes do advogado é Azar Bagheri, 19, que está presa desde os 15 anos, depois que seu marido a acusou de adultério. Ela havia sido condenada à morte, mas a sua pena foi alterada para 100 chibatadas depois que o caso de Sakineh veio à tona. Ela ainda não havia sido executada porque, pela lei iraniana, é preciso aguardar até que o réu complete 18 anos.

"Todas essas mulheres foram condenadas por adultério, mas o governo está tentando mudar suas sentenças depois de toda a repercussão do caso", explicou o advogado iraniano.

Mãe de dois filhos, Sakineh foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que ela era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio.

O embaixador do Brasil em Teerã, no Irã, Antônio Salgado, confirmou ontem que ofereceu formalmente asilo a Sakineh. A oferta foi questionada pelo embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, que negou, na última quinta-feira, que tivesse recebido a proposta por "ofício por escrito, nota oral ou troca de notas" do governo brasileiro ao iraniano.

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