sábado, 14 de agosto de 2010

"Polícia EM PARACURU - Garoto tem a língua cortada na sala de aula"

A fotografia mostra a gravidade da lesão. O garoto Bruno Morais Costa, 12, foi agredido pela colega de classe. Ela usou uma tesoura para corta a língua do aluno. Polícia apura o fato
THIAGO GASPAR

Estudante acabou sendo agredido por uma colega. A família está revoltada e diz que a escola foi omissa

Paracuru. A violência dentro da sala de aula mostrou mais uma de suas faces no Interior do Estado, em uma escola do Município de Paracuru, no Litoral Oeste do Estado (a 100 quilômetros de Fortaleza). Na tarde da última segunda-feira (9), em uma das salas onde assistia à aula uma turma do oitavo ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Padre João da Rocha, uma menina de 13 anos impôs o silêncio a um colega usando uma pequena tesoura do material escolar.

O garoto Bruno Morais Costa, 12, teve a língua cortada pela colega de turma durante uma discussão. "Ela ficou abusada porque ele estava falando muito e ameaçou cortar a língua dele. Ele botou a língua para fora, dizendo que a colega não tinha coragem. Ela pegou a tesoura e cortou", disse a tia de Bruno, Elizete Menezes.

Sangue:

A cena de violência foi presenciada pela professora e pelos outros colegas, que também tinham utilizado tesouras durante uma aula de inglês. "Era uma tesoura sem ponta, mas bem afiada", disse outro aluno da sala. Ensanguentado, Bruno foi colocado em uma ambulância, que passou por sua casa.

"Encostaram a ambulância na minha porta e uma funcionária da escola veio pedir que alguém da família acompanhasse o Bruno até o hospital porque ele tinha sofrido um acidente. Quando perguntei o que era, me disseram que ele tinha caído e cortado a língua", lembrou a avó de 72 anos. Nervosa, a anciã seguiu com o garoto até o hospital local e somente lá ficou sabendo da verdade. "Uns guardinhas que acompanharam a gente me contaram que uma colega de sala tinha feito aquilo com ele", disse. Logo depois chegou em casa a mãe de Bruno, Ana Arlete.

"Quando soube o que tinha ocorrido, fui direto à escola procurar pela diretora. Fui recebida com ignorância. Ela foi dizendo que meu filho era muito danado", contou.

Bruno foi submetido a uma cirurgia. Segundo a mãe, sete pontos foram necessários para reparar o dano causado a uma artéria e alguns vasos. Ana Arlete procurou a Delegacia de Polícia Civil local para prestar queixa e o delegado George Malaquias expediu uma guia para que Bruno fosse submetido a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). "O médico que examinou meu filho disse que ele poderá ter problemas de dicção após a cicatrização", lamentou.

Músico:

Além disso, a família está angustiada com a possibilidade de o garoto não conseguir mais tocar instrumentos de sopro - flauta e saxofone - pois ele era integrante da banda da cidade. "Ele está muito triste em imaginar que pode ter problemas e talvez nem mais poder tocar os instrumentos", disse a mãe.

As queixas da família de Bruno contra a escola são várias. "Faltou atenção, faltou acompanhamento ao caso, ninguém veio na minha casa para ver como o Bruno está. Na ocasião em que estivemos reunidos com a família da menina que agrediu meu filho e representantes da escola, a proposta era de que a gente não levasse o caso para a Imprensa e não procurasse a Justiça, em troca de remédios e alimentos para o meu filho. Remédios em troca do nosso silêncio? Já calaram meu filho, cortando a língua dele. Não vão nos calar", disse Ana Arlete.

A Reportagem foi até a Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Padre João da Rocha, no fim da manhã de ontem. A diretora não estava, segundo informações de funcionários. Ninguém mais está autorizado a falar sobre o caso.

NATHALIA LOBO
SUBEDITORA

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