domingo, 29 de agosto de 2010

"Prefeitos do PSDB abdicam de Cals e lançam apoio a Cid"

Nem mesmo Tasso Jereissati conseguiu convencê-los. Ao menos 14 prefeitos do PSDB de Marcos Cals apoiam Cid, que ainda conta com apoio de um do PR de Lúcio Alcântara. Já 2 do PCdoB abdicam de Cid e apoiam Cals. Apoio não é ilegal.
Robson Braga.

Constantes mudanças de partido, política personalista e pouco atrelada a ideologias e programas. Segundo especialistas, esses seriam os principais motivos para as infidelidades partidárias a que se assiste hoje no Ceará. Na linha de frente, estão os prefeitos do PSDB. Ao menos 14 deles, de um total de 54, abdicaram de Marcos Cals (PSDB), em quem deveriam votar naturalmente, para apoiar o candidato à reeleição, Cid Gomes (PSB).

O problema conjuntural, contudo, tem raízes históricas. Os irmãos Ciro e Cid Gomes já foram tucanos, passaram pelo PPS e agora são do PSB, sendo tratados hoje como “socialistas”. Apoiados desde os anos 1990 até junho deste ano pelo principal cacique tucano do Estado,senador Tasso Jereissati, ambos chegaram ao poder. Agora, Tasso demonstra rancor pela “ingratidão” dos irmãos, que não estão apoiando sua reeleição ao Senado por conta da aliança, principalmente, com o PT.

“Eles (Ciro e Cid) mudaram de partido, mas não mudaram de grupo político”, avalia Rejane Vasconcelos, do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Contra a reeleição de Cid, Tasso lançou Cals e quis que os 54 prefeitos tucanos o seguissem na empreitada. Mas a estratégia parece não ter funcionado tão bem.

Foi Ciro, coordenador da campanha do irmão, quem costurou a maioria dos apoios tucanos pelo Estado. Tasso tentou descosturar, mas o alinhavado conjuntural se mostrou mais forte do que seu histórico político. “Sendo bem generoso, só uns 50% dos prefeitos do PSDB devem votar no Cals”, diz um dos prefeitos tucanos que votam no PSB. Cid também conta com apoio de ao menos um prefeito do PR de Lúcio Alcântara: Fontenele Viana, de Martinópole.

Explicação
“Uma mistura desgraçada”. É assim que o prefeito de Itaiçaba, Frank Gomes (PSDB), define as alianças em seu município. Por questão pessoal, ele negou apoio a Cals e vai votar em Cid. Frank explica que, nas eleições municipais de 2000, 2004 e 2008, Cals apoiou seu principal adversário,. “Ele não teve fidelidade partidária comigo, por que eu teria?”, disse. Cals confirma a dissidência, mas nega problema pessoal. “A questão é estritamente da política local.”

Os casos apontados não se enquadram na lei da fidelidade partidária (PEC 182/07), que estabelece perda de mandato para políticos do executivo e legislativo que mudarem de partido, uma vez que o mandato pertence à legenda, e não ao candidato.

EMAIS

O PSDB assistiu à debandada dos prefeitos tucanos de Novo Oriente, Russas, Beberibe, Itaiçaba, Palhano, Granja, Nova Olinda, Aiuaba, Altaneira, Santana do Cariri, Araripe, Assaré, Campos Sales e Hidrolândia. Apesar do apoio a Tasso, todos votam em Cid.

Na contramão, Tasso e Cals receberam, ao menos, dois apoios de quem deveria apoiar Cid: o prefeito de Jucás, Helânio Facundo, e o ex-prefeito de São Benedito, Haroldo Maciel, ambos do PCdoB. Em nota, o PCdoB chamou o caso de “isolado” e se reafirmou fiel a seu programa comunista.

OUTROS APOIOS
O prefeito de Beberibe, Odivar Facó (PSDB), explica seu apoio a Cid como “retribuição”. “O PSB estava com a gente nas últimas eleições municipais”, diz. Na carreata de Tasso e Cals pela cidade, Odivar estava viajando.

O prefeito de Hidrolândia, Afrânio Martins (PSDB), vota em Cid e “em vários partidos, desde o PT até o PSDB”. “Os partidos são feitos por pessoas”, diz Afrânio, que também votará em Tasso e no deputado estadual Nelson Martins (PT), que é de sua cidade.

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