quinta-feira, 24 de março de 2011

"SEM CONSENSO - Otan não chega a acordo na Líbia"

Manifestantes leais ao regime do ditador Muammar Kadafi fazem protesto nas ruas da capital Trípoli
FOTOS: REUTERS

Países divergem sobre quem deveria comandar as operações; Força Aérea da Líbia estaria totalmente destruída

Bruxelas, Bélgica. Os 28 países que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fracassaram, ontem, em dar à aliança atlântica o comando das operações militares na Líbia. A discussão será retomada hoje.

Os embaixadores discutem se a Otan deve assumiu o comando da imposição da zona de exclusão aérea sobre a Líbia. A França insiste que o controle precisa continuar nas mãos da coalizão, enquanto a Otan deveria estar na frente do planejamento e das operações.

A Itália acusou a França de ser "intransigente" ao não deixar o comando das operações com a Otan e criticou o reconhecimento francês ao Conselho Nacional da Líbia, o governo interino que os insurgentes montaram em Benghazi. "Nós precisamos voltar às regras com apenas uma cadeia de comando sob a Otan", disse o chanceler italiano Franco Frattini.

O porta-voz da chancelaria italiana, Maurizio Massari, acrescentou: "Existe alguma resistência entre alguns países da Otan. A França tem sido a mais intransigente. A Europa se dividiu. Isso não é algo antifrancês. Estamos falando sobre uma missão importante na qual a Europa precisa agir unida para ter credibilidade", disse Massari.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reiterou ontem que o seu país passará nos próximos dias o comando da operação para a Otan ou para países europeus. Ele também descartou a possibilidade de uma invasão terrestre na Líbia para tirar o ditador Muammar Kadafi do poder.

Mais ataques
Ontem, ataques aéreos da coalizão atingiram um bairro residencial no leste da capital líbia Trípoli, deixando "um número importante de mortos", afirmou a agência oficial de notícias do país Jana.

Tropas leais a Kadafi também prosseguiram com os ataques contra os insurgentes líbios em pelo menos três cidades - Zintan e Misurata, no oeste, e Ajdabiya, no leste. Manifestantes também saíram às ruas para demonstrar apoio ao ditador.

Os rebeldes nomearam, ontem, Mahmoud Jabril como presidente do governo interino. Jabril terá a missão de "guiar uma administração com o dever de gerenciar os assuntos econômicos, sociais, de segurança e outros, da Cirenaica (cidade do leste) até a libertação da Líbia inteira", afirmou Saiwa El Daghili, membro do Conselho Nacional da Líbia e professor de Direito Constitucional.

Destruição
O alto comandante britânico Greg Bagwell afirmou, ontem, em uma base aérea no sul da Itália, que a Força Aérea líbia foi totalmente destruída pelos ataques da coalizão após cinco dias de bombardeios. "Efetivamente, a Força Aérea de Kadafi não existe mais como força de combate, e o sistema de defesa aérea está gravemente deteriorado, de forma que podemos operar livremente no espaço aéreo livre", afirmou Bagwell.

De acordo com ele, as forças internacionais voam livremente dentro do espaço aéreo da Líbia, atacando tropas de Kadafi no solo em qualquer local onde a população civil esteja sob ameaça. O comandante relatou ainda que deve haver algumas mudanças na estrutura de comando das forças aliadas, mas que a operação continuará de forma semelhante.

FONTE: DN.

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