terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"RETORNO DE EX-DITADOR - Anistia quer Baby Doc preso"

Jean-Claude Duvalier tem passagem de volta à França marcada para o próximo dia 20, segundo embaixador
REUTERS

Organização dos direitos humanos pede que ex-ditador seja processado por crimes contra a humanidade

Porto Príncipe. A organização de direitos humanos Anistia Internacional pediu, ontem, que as autoridades haitianas encaminhem o ex-ditador Jean-Claude Duvalier, conhecido como Baby Doc, à Justiça após seu retorno ao Haiti na véspera.

"As violações dos direitos humanos, generalizados e sistemáticos, cometidos no Haiti durante o reinado de Duvalier representam crimes contra a humanidade. A presença de Duvalier - a menos que ele seja preso imediatamente - é um tapa na cara de um povo que já sofreu tanto", argumentou Javier Zuñiga, conselheiro especial da organização com sede em Londres.

Baby Doc retornou ao país 25 anos depois de ser deposto por uma revolta popular. Ele chegou ao aeroporto da capital Porto Príncipe em um voo vindo da França, onde ele vivia exilado.

O embaixador francês em Porto Príncipe, Didier Le Bret, afirmou que Baby Doc tem passagem de volta para a França marcada para o dia 20 de janeiro. "Espero que a utilize", disse. Ele ressaltou que Duvalier não estava submetido a medidas especiais na França. "Tinha liberdade de movimento, tinha uma permissão de residência renovado todos os anos, que permitia a ele deslocar-se dentro da França ou para o exterior, por isso não houve nenhuma indicação quando partiu de Paris", explicou Le Bret.

Efeitos imprevisíveis
Para o comandante do 1º Batalhão Brasileiro no Haiti, coronel Ronaldo Lundgren, a volta de Baby Doc tem efeitos "imprevisíveis". "Mas que alguma coisa vai mudar, a gente tem certeza", afirmou ele, que está no país desde 2004.

A volta de Baby Doc ao Haiti preocupa porque ocorre num momento de tensão política, devido à suspeita de fraude no primeiro turno das eleições presidenciais e indefinições em relação à realização do segundo turno e da perspectiva de um vazio político, já que o mandato do atual presidente, René Preval, acaba no dia 7 de fevereiro.

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