quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"HAITI - Baby Doc quer voltar a governar"

O ex-ditador Jean-Claude Duvalier apareceu na sacada do hotel e foi saudado por 100 apoiadores
FOTO: EDUARDO MUÑOZ/REUTERS

Advogado do ex-ditador haitiano diz que ele é livre para ir aonde quiser e que pode voltar a ser presidente

Porto Príncipe. O ex-ditador haitiano Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, tem pretensões políticas e por isso teria retornado ao país caribenho no último domingo. Um dos advogados de Duvalier, Reynold George, afirmou, ontem, que ele não deixará o país. "Ele não deixará o Haiti. Ele é um político e todo político tem pretensões políticas. Ser novamente presidente do Haiti é um direito dele", declarou, na porta do hotel em que o ex-ditador está hospedado.

Após ter sido preso para interrogatório, Baby Doc foi solto. Segundo George, ele tem um passaporte regularizado no Haiti e é livre para ir aonde quiser, inclusive para sair do país.

Processos
Ontem, quatro haitianos entraram com quatro processos contra Duvalier por tortura, exílio e prisões arbitrárias, cometidos durante os 15 anos (1971 -1986) em que passou à frente do poder.

A jornalista haitiana Michèle Montas, que foi mandada para o exílio forçado por Baby Doc, os ex-presos políticos Alix Fils-Aime e Claude Rosiers, que passaram dez anos detidos pelo regime, e Nicole Magloire, outra vítima do ditador, são os autores dos processos.

Na última terça-feira, a Justiça do Haiti acusou Baby Doc de corrupção e de desvio de dinheiro público. Ele teria desviado US$ 100 milhões que seriam para obras de caridade. O advogado do ex-ditador alega que o seu cliente sofre uma "perseguição" orquestrada pelo atual presidente, René Preval.

Apoio
Apesar das acusações, Baby Doc é apoiado por muitos haitianos. Ontem, ele apareceu na sacada do hotel onde está hospedado e foi saudado por cerca de 100 pessoas que se concentram na porta do prédio desde domingo.

Muitos simpatizantes são ex-militares que atuaram durante o governo de Duvalier. Fontes da diplomacia haitiana acreditam que o ex-ditador esteja apoiando o candidato Michel Martelly, cantor popular que teria ficado em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, segundo as primeiras apurações.

Um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA), no entanto, coloca Martelly em segundo lugar no pleito, desbancando o candidato governista Jude Celestin.

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