domingo, 2 de janeiro de 2011

"QUEM É DILMA ROUSSEFF - A trajetória de vida de Dilma Vana Rousseff"

Dilma começou na política ainda na juventude, na oposição à Ditadura Militar. Ela participou de diversos movimentos contra o regime militar, chegando a ser presa e torturada pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops)
FOTO: REUTERS

DAMA DE FERRO: como ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil, Dilma era uma profissional admirada por Lula e pelos companheiros no Palácio do Planalto

Ao lado de Michel Temer, Dilma assume a Presidência com o dever de dar continuidade ao projeto político iniciado por Lula, seu mentor político

A presidente visita o ex-vice-presidente, José Alencar, que está hospitalizado em São Paulo devido a uma hemorragia no sistema digestivo
FOTOS: AGÊNCIA BRASIL
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Causa das mulheres: como ministra da Casa Civil, Dilma tinha costume de se reunir com a bancada feminina
FOTO: AGÊNCIA BRASIL

Dilma tem uma biografia que se confunde com os fatos mais marcantes da história do Brasil

O 1º de janeiro de 2011 ficará marcado para sempre como um dos fatos mais importantes da história política e social do País. Ontem, em um sábado fora do comum na Capital Federal, o mundo inteiro esteve de olhos e ouvidos bem abertos para acompanhar o momento em que a primeira mulher recebeu a faixa presidencial no País.

Eleita no dia 31 de outubro com 12 milhões de votos, Dilma Vana Rousseff tem uma biografia que se confunde com os fatos mais marcantes da história recente do Brasil, como a luta contra a Ditadura Militar, a redemocratização do País e a divisão da ordem política em dois principais blocos comandados pelo PT e pelo PSDB.

De origem búlgara, Dilma nasceu em 14 de dezembro de 1947, em Belo Horizonte. Começou a vida política ainda no colegial, na oposição ao regime de 1964. Participou da Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (Polop), movimento que reunia dissidentes do PCB e do PSB.

Na Polop, conheceu o primeiro marido, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares. Ao lado dele, optou pela luta armada e se juntou ao Comando de Libertação Nacional. Em 1970, foi presa e detida no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde foi torturada. Condenada pela Ditadura, foi levada ao Presídio Tiradentes. Libertada no fim de 1972, mudou-se para Porto Alegre, terra de seu marido Carlos Franklin Paixão de Araújo, com quem teve a filha, Paula.

No Rio Grande do Sul, cursou Ciências Contábeis e se filiou ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). No estado, ela comandou a Secretaria de Finanças de Porto Alegre, a Fundação de Economia e Estatística (FEE) e a Secretaria de Energia, Minas e Comunicações.

Com um ano de PT, Dilma foi convidada para assumir no primeiro Governo Lula o Ministério das Minas e Energia com a missão de evitar um novo apagão. Na pasta, criou um modelo para regulamentar o setor energético e lançou o projeto "Luz para Todos", que tem o objetivo de levar energia elétrica para as comunidades rurais.

No estopim da crise do mensalão, em 2005, Dilma substituiu José Dirceu na Casa Civil, passando a se concentrar na gestão do Governo e nos programas prioritários para Lula.

No fim de 2006, participou da elaboração do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um conjunto de obras de infraestrutura com investimentos federais. Por conta de sua capacidade administrativa, ela foi incluída nas especulações eleitorais.

Indicada por Lula para ser sua substituta, Dilma passou por uma metamorfose. O lado durão foi substituído por sorrisos e os óculos de grau por lentes de contato.

Na disputa com o tucano José Serra, teve de superar boatos sobre sua vida pessoal, seu passado no combate à Ditadura e mesmo sobre sua saúde, embora tenha superado o câncer linfático que descobriu possuir em abril de 2009.

Dilma venceu as eleições com cerca de 56% dos votos . Aos 63 anos, assume seu primeiro cargo eletivo, ao lado do vice Michel Temer, com a função de dar continuidade a um projeto político iniciado pelo seu antecessor. É o fim da era Lula e o início de uma década em que o País deve retomar os avanços e conquistas.

AMÉRICA LATINA
Apenas 11 países já tiveram mulheres na Presidência

A economista Dilma Rousseff assume a Presidência do Brasil com o desafio de colocar sua marca num país que nunca teve uma mulher neste cargo, tarefa similar à de outras mulheres no exercício do poder na América Latina.

No continente que tem 33 países, apenas a Argentina teve duas mulheres no comando da nação. Outros oito países tiveram uma mulher presidente: Bolívia, Haiti, Nicarágua, Equador, Guiana, Panamá, Chile e Costa Rica. Nesse grupo, sete foram eleitas e três ocuparam a presidência interinamente.

Dilma será a 11ª presidente na América Latina. Assim como as outras líderes da região, ela também terá o dever de mostrar que é capaz de exercer o poder sem a tutela masculina e sem a sombra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu mentor político.

O mesmo desafio é enfrentado pela presidentes da Argentina e da Costa Rica, Cristina Kirchner e Laura Chinchilla, que, ao longo do mandato, lutam para conduzir seus respectivos países com suas próprias decisões e objetivos políticos, livrando-se do estigma de ter sido primeira-dama ou de ter um presidente como padrinho.

Laura recebeu a faixa presidencial de Óscar Arias, companheiro de partido e de quem ela foi ministra da Justiça e vice-presidente. Durante o governo Arias, ela lançou o primeiro plano da política costarriquenha. Em sete meses de mandato, Laura tem se distanciado do líder local, imprimindo sua marca no país.

Já Cristina, quando ocupou o Senado demonstrou ser mais eficiente que o e marido, Néstor, que também foi presidente. No entanto, após receber a faixa do marido parecia não ter uma trajetória na política.

A ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, mostrou que não era apenas uma criação do ex-presidente Ricardo Lagos, mas uma figura pública. Antes de ocupar o palácio de La Moneda, ela teve a sensível tarefa de ser ministra da Defesa para negociar com forças armadas ainda influenciadas pela figura do ex-ditador Augusto Pinochet.

No Chile, Bachelet implementou uma política de paridade e programas sociais que favorecem a mulher. Como reconhecimento de suas políticas em prol das causas femininas, ela assumiu, ontem, a direção executiva da organização ONU Mulheres, entidade criada para reunir as políticas de promoção dos direitos das mulheres.

JULIANNA SAMPAIO - DN
ESPECIAL PARA A NACIONAL

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