quarta-feira, 31 de março de 2010

"Serra: a estratégia do camaleão."

OS MOTIVOS de José Serra para não posicionar sua estratégia eleitoral em oposição frontal ao governo Lula encontram-se perfeitamente justificados, uma vez mais, pelos números da recente pesquisa Datafolha.

A PREMISSA só precisa de um único dado para se revestir de consistente fundamentação: apenas 4% dos brasileiros avaliam o governo de Lula como ruim ou péssimo. Dentro da margem de erro, quer dizer: “oposição zero”.

EM OUTROS termos: a realidade está impermeável ao gotejamento crítico. Só há dois tipos com disposição para uma briga dessas: os franco-atiradores e os suicidas compulsivos – nenhum deles combina com o figurino de Serra.

OUTRO DADO – secundário, mais volátil – serve à postura de neutralidade: entre os que aprovam o governo (“bom” e “ótimo”), é igual o percentual de eleitores que votam em Serra ou Dilma: 32% e 33%, respectivamente.

COMO, POR força de um processo de escolha que se dá por método de exclusão, o tucano já teria seu nome consolidado entre os eleitores à direita – o “voto liberal” – ele deverá, agora, buscar a conquista de novos espaços.

LOGO, SERÁ com propostas mais identificadas com a esquerda, de maior apelo social, que Serra tentará se postar como o “sucessor mais qualificado” para avançar a partir dos bons resultados obtidos até então.

RECEBERÃO atenção maior os temas de Saúde, onde o candidato já agregou grande credibilidade em sua ação pública, e Emprego, sempre uma boa causa – ainda mais para ele, sensível às prioridades do setor produtivo.

COMO UM camaleão, Serra tentará incorporar as expectativas de quem pretende continuidade nas políticas de centro-esquerda, oferecendo ao eleitor o aval de sua biografia, pública e pessoal.

VEM AÍ O menino pobre que venceu por méritos próprios. O líder estudantil exilado. O desenvolvimentista. O gestor brilhante. O político de atitudes ponderadas, recomendáveis para o exercício do cargo.

NÃO SERÁ, como gostariam os aliados do DEM e tucanos conservadores como Tasso Jereissati e Artur Virgílio, o opositor raivoso. A estratégia será “individualizada”, sustentada na trajetória do candidato.

O QUE AQUI se projeta não é um exercício de quiromancia, mas uma avaliação fundamentada tanto na sinalização das pesquisas quanto nos primeiros gestos públicos do candidato. Se terá êxito, logo saberemos.

SERRA: discurso de centro-esquerda.

Metáforas esportivas

JORNALISTA, Eliane Catanhêde aplicou metáfora boleira para definir as condições de disputa na sucessão presidencial, onde a conjuntura é francamente favorável a Dilma Rousseff, embora José Serra seja mais experiente: “o tucano pode até ser melhor, mas vai jogar na casa do adversário”.

MATÉRIA IDEALIZADA PELO JORNALISTA RICARDO ALCÂNTARA.

LÁ VAI O BESTA: As matérias postadas neste blog que não são produzidas pelo Administrador, são de inteira responsabilidade de seus idealizadores.



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