sexta-feira, 26 de março de 2010

"Serra: em campo na hora certa."



A PESQUISA Datafolha, divulgada no domingo, que aponta para um quase empate técnico entre a Dona Dilma e José Serra, deverá elevar a pressão arterial dos tucanos, embora a cena ensaiada vá sugerir tranqüilidade.

ALI, TODOS darão ultimato para que Serra se declare, desde já, candidato e muitos apontarão a sua demora em anunciar tal decisão como principal fator de sua queda nas pesquisas. Bobagem. Não foi bem assim.

HÁ UM MODO simples de verificar se a postura do governador paulista de adiar ao máximo o anúncio de sua decisão foi correta ou não: basta observar a questão colocando os fatos em retrospectiva.

IMAGINEM, então, oque teria acontecido se ele tivesse se lançado candidato no início do ano, como alguns tucanos queriam que fizesse? Só desastres:

1 – A OPOSIÇÃO teria conseguido vincular o mensalão dos seus aliados do DEM, em Brasília, à sua campanha, que logo seriam qualificados como “a turma do Serra”. Como ele estava quieto, pulou uma figueira daquelas.

2 – LANÇADO À presidência, as repercussões negativas dos alagamentos em São Paulo não ficariam circunscritas a revezes administrativos localizados, mas, ao contrário, serviriam como emblema negativo.

O ESTEREÓTIPO de politiqueiro carreirista seria jogado sobre ele como um manto maldito: “Vejam só, o estado debaixo d’água”, diriam, “e ele por aí, em campanha”. Conclusão? “Ah, esses políticos não se emendam!”

3 – AINDA AGORA, o prefeito da cidade, Gilberto Kassab, um de seus principais aliados, tem a legitimidade de sua eleição questionada na justiça. Como não é candidato ainda, o desgaste para Serra é real, mas bem menor.

VISTO ASSIM, pelo retrovisor, se vê que o candidato tucano fez muito bem em se preservar. Teria mais a perder do que a ganhar com um lançamento precipitado pela pressão dos fatos positivos produzidos pelos adversários.

SERRA TEM seu nome muito conhecido. Seu índice de rejeição é aceitável e, afinal, se mantém ainda na liderança das pesquisas. O momento de assumir a candidatura (deverá fazê-lo logo) coincide com o prazo previsto por ele.

LANÇADO antes, não seria com Dona Dilma que iria debater, mas com Lula, um imbatível campeão de popularidade. Agora, estendidos os prazos, vai poder decidir tendo uma medida mais segura de suas possibilidades .

TEM QUE ser frio para agir assim. Para o bem ou para o mal, o Serra é.

SERRA: Antes, teria sido pior.

Pesquisa: anotações à margem.

ALGUNS DADOS, aparentemente secundários, que me pareceram da maior relevância na última pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial, divulgada no domingo:

1 – HÁ CERCA DE 14% de eleitores que se inclinam pelo voto em um candidato indicado por Lula e que ainda não o fizeram porque desconhecem a candidatura da Dona Dilma – na maior parte, são os ascendentes sociais da classe C. Logo, é grande, ainda, seu potencial de crescimento.
2 – A VANTAGEM de José Serra para Dona Dilma caiu de 22% para 14 pontos – 8 degraus de queda – no Sul, a região onde sua vantagem percentual era mais elevada. Para o tucano, é a pior notícia da pesquisa: precisará estar bem ali para compensar o lulismo avassalador do Nordeste.

3 – NA CONSULTA espontânea – que é onde se verifica um indício maior de consolidação na preferência do eleitor – 58% deles ainda se mostram sem percepção do processo eleitoral e menos ainda sobre o desenho político das candidaturas. Ou seja, ainda vai passar muita água por cima dessa ponte.

4 – A COISA FICOU ainda pior para Ciro Gomes. Com ele ou sem ele na disputa, o cenário do momento não muda. Torna-se quase irrelevante para os propósitos do campo governista. Polarizou geral? No momento, sim, mas lembre-se: 58% de eleitores que ainda nem pensam em eleições.

MATÉRIA IDEALIZADA PELO JORNALISTA RICARDO ALCÂNTARA.

LÁ VAI O BESTA: As matérias postadas neste blog que não são produzidas pelo Administrador, são de inteira responsabilidade de seus idealizadores.

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