BLOG PUBLICA NA INTERNET ARTIGO INÉDITO DE ARTUR QUEIRÓS

ÉTICA
(Artur Queirós)
Mandam à ética e os bons costumes que os órgãos públicos dos municípios, dos Estados e da República mantenham nas competentes repartições livros especiais contendo nomes de ruas, estatuas e prédios históricos, como escolas, bibliotecas, creches e outros, para que os locais e especialmente os visitantes, especialmente em cidades turísticas, como pretende ser Camocim, possam informar-se sobre as origens de tais ruas, monumentos e prédios.
A ética social, segundo os dicionaristas, ‘é a parte da Filosofia que indica as normas a que devem todos ajustar-se entre os diversos membros da Sociedade.”
E não precisam ser ricos ou pseudo-importantes, visto que pessoas pobres, porém honradas, podem, com justo aplauso, pertencer ao elenco dos merecedores da distinção coletiva, que descarta cor e instrução, para receberem o galardão do mérito, podendo ser o humilde lixeiro que encontrou bom dinheiro e o levou a seu dono, espontaneamente, devolvendo-o sem nada exigir como recompensa, praticando uma ação nobre, heróica e aplaudida.
Luís de Camões, o imortal autor do poema épico “Os Lusíadas”, cultivou a língua portuguesa e suas regras, observou a maneira de ser usada corretamente. Até hoje, homens cultos em literatura não ousam modificá-las em sua essência. E Camões era pobre e morreu na dependência da caridade pública, inclusive ajuda da Coroa de Portugal. Seu nome é reverenciado no mundo inteiro e o tempo não ensombra seu mérito, que não envelhece apesar de passados cinco séculos. Continua vivo e heroicamente aplaudido.
Aqui mesmo em Camocim existem pessoas pobres, mas dignas, que prestaram, na sua simplicidade, serviços nobres à coletividade, com o desprendimento justo, assim como o Mestre Isídio, que perambulava pelas fazendas dos coronéis do mato, ensinando a seus filhos a ler e escrever, tal como fazia Mestre Chico Rodrigues, lembrado pelo tempo da palmatória, o que faz recordar a léria chistosa de que “a noz, o sino, o burro e o preguiçoso, sem pancada nenhuma faz o seu ofício”.
Na esteira dos humildes merecedores de aplausos, vamos encontrar ainda Jacinto do Cartório, de quem já falei em outra crônica, e o Piluca (Manuel Piluca), que dia e noite lutava a transpor gente na travessia do nosso rio, salvando muitas vidas que necessitavam de urgente socorro médico, assim como salvou muitas criancinhas e mães pobres, em dificuldade de parto, a qualquer hora do dia e da noite, assim como vários outros que, na sua simplicidade, praticaram ações nobres, e nem por isso receberam qualquer honraria por parte dos nossos ilustres legisladores a autoridades.
A ética, segundo Platão, provém de seu mestre, o sábio grego Sócrates, que instituiu o curioso sistema de ensino chamadomaiêutica socrática.
O Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe foi conceituado jurista cearense e Juiz de Direito que bons serviços prestou ao Ceará e ao Brasil, cujos méritos o levaram à influente posição de Senador do Império e Ministro. Na seca de 1919, ele ajudou ao incipiente povo de Camocim, que foi beneficiado com a construção da chamada “cacimba do padre”, ali por traz da igreja Matriz, cuja altura era mais de dois metros, fechada por paredes e coberta, sendo a água retirada por uma janelinha cá mais em baixo, e ainda mandou vir um catavento, pois não existia luz elétrica, para bombear a água da cacimba e servir ao povo, cujo beneficio durou muitos anos depois da seca, pois usavam a água da “cacimba do padre”, que era transportada em lombo de jumento, em ancoretas e em grandes barris que rolavam pelo chão e que vendiam nas casas.
O povo de Camocim, agradecido, deu o nome de seu benfeitor a uma das principais ruas da cidade, nome que se tornou muito conhecido. Faz pouco tempo, a Rua Senador Jaguaribe teve seu nome trocado pelos despreparados legisladores de Camocim. O povo, todavia, reagiu e não aceitou a indigna troca e continua chamando a dita Rua de Senador Jaguaribe.
Enquanto isso, o Marquês de Maricá sentenciava, repetindo as escrituras: “Louvor de boca própria é vitupério”.
E Cícero, o célebre orador romano, no senado de seu tempo fustigava Catilina, o corrupto e audaz mentor do vandalismo: “A ignorância é a noite do espírito, noite sem lua e sem estrelas.”
Enfim, cada município tem a Câmara de Vereadores e “autoridades que merece”. E Camocim, infelizmente, não foge à regra!
Postado por Tadeu Nogueira.
LÁ VAI O BESTA: O que será que seu Artur Queirós escreveria sobre ética e gestão pública se conhecesse a realidade de Chaval? O que será que ele diria da matéria que vou publicar em seguida, e em especial sobre meu humilde comentário? Sei não, acho que ele não falaria da ética, mais sim, da falta dela.
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