quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Bombardeios destroem 30% das forças líbias"

Rebelde líbio em meio a bombardeios; insurgentes afirmam que a coalizão internacional "não está fazendo nada"
FOTO: REUTERS

Capacidade militar de Kadafi estaria diminuída; Tribunal Internacional diz que o ditador planejou mortes de civis

Trípoli. Os ataques das potências ocidentais destruíram 30% da capacidade militar do governo líbio de Muammar Kadafi, desde que uma campanha de ataques aéreos começou em 19 de março, informou um general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ontem.

Também ontem, a Otan reconheceu que um bombardeio de um dos seus aviões matou 13 insurgentes líbios na sexta-feira passada, perto da cidade de Brega. Quatro de um total de 13 mortos eram civis. A Otan disse que o bombardeio foi um "episódio infeliz".

Os ataques internacionais são amparados por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, que permite ataques aéreos no país do norte da África para proteção dos civis.

Sobre a morte dos civis líbios, o general de brigada Mark van Uhm disse que a Otan não conduziu uma investigação formal sobre o incidente, mas fez uma "avaliação" que "foi concluída".

Rebeldes criticam
O comando militar dos rebeldes líbios criticou duramente os bombardeios da Otan - não por sua violência, mas por supostamente deixar de proteger civis e forças opositoras.

Abdel-Fattah Younis, um dos principais líderes contra o regime, afirmou que a aliança atlântica "não está fazendo nada" para derrotar forças de Kadafi.

Younis reclamou da burocracia da Otan, que levaria horas para responder às evoluções no campo de batalha. "Ou a Otan faz direito seu trabalho, ou nós vamos pedir ao Conselho de Segurança da ONU que suspenda (a ofensiva)", ameaçou o líder rebelde ontem.

Ainda de acordo com o comandante rebelde, as forças aliadas são "muito lentas" e estão permitindo que o regime líbio avance. No fim de fevereiro, as forças de Kadafi estavam prestes a tomar Benghazi, centro político da oposição, mas o início dos bombardeios dos aliados virou o jogo e os rebeldes retomaram cidades-chave da região costeira.

Mortes premeditadas
O Tribunal Penal Internacional (TPI) tem evidências de que Kadafi planejou reprimir os protestos no país com a morte de civis antes do início da insurreição na Líbia, afirmou o promotor do TPI, Luis Moreno-Ocampo.

Os protestos contra o governo iniciados em 15 de fevereiro rapidamente se transformaram numa guerra civil depois que as forças de Kadafi abriram fogo contra os manifestantes. Em seguida, ele reprimiu os levantes no oeste da Líbia, deixando o leste do país e a cidade de Misrata nas mãos dos rebeldes.

Luis Moreno-Ocampo deverá apresentar um relatório à Organização das Nações Unidas (ONU) em 4 de maio e depois o procurador deve emitir mandados de prisão. "Depois dos conflitos na Tunísia e no Egito, o regime planejou como controlar possíveis manifestações na Líbia", afirmou o promotor.

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