sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Se Inácio for, o bicho pega."

Há quem confunda atos de fé com análise política e, entre eles, quem o faça deliberadamente. A coisa seria simples assim: a prefeita inaugura as obras, o Lula sobe no palanque e pronto: o PT elege o próximo prefeito.

O movimento de uma simples peça no tabuleiro da sucessão deu à sucessão municipal um elevado grau de incerteza: o senador Inácio Arruda se lançou candidato a prefeito de Fortaleza nas eleições do próximo ano.

A força da candidatura de Inácio Arruda já seria expressiva se levada em conta tão somente a qualidade de sua trajetória como liderança política – uma biografia que nos dispensa de repertoriar seu retrospecto.

Não é só. A conjuntura lhe é favorável: seu nome se identifica com o sucesso da aliança que governa o Brasil, sem que sobre ele pese o ônus de ter que defender a gestão da atual prefeita, que não é bem uma unanimidade.
Ainda mais forte seria em provável aliança com o PMDB, outra sigla da base federal sem compromissos com a atual administração municipal, mas que não tem disponível um candidato de peso para oferecer à disputa.
O PMDB poderia fornecer a Inácio tempo de televisão para sua propaganda eleitoral em medida suficiente para enfrentar os meios que serão disponibilizados para o candidato indicado pelo partido da prefeita.
Como o PCdoB de Inácio e o PMDB são importantes aliados do governo estadual, tanto quanto o PT de Luizianne, seria uma construção eleitoral capaz de impor uma posição de neutralidade ao governador Cid Gomes.
O senador Eunício Oliveira, donatário da capitania peemedebista do Ceará, não está muito seguro dos apoios que teria no seu projeto de concorrer ao governo do estado. Uma vitória na capital seria uma medida providencial.

Não existe eleição fácil. A da presidente Dilma, mesmo com toda a popularidade do seu patrono, foi uma guerra. A de Cid Gomes foi tranquilíssima e, ainda assim, um em cada três eleitores não votaram nele.

Se Inácio for candidato como já quase se declara, será, desde já, jogo para segundo turno, o que, a custos os mais modestos, vai demandar a todos onerosas negociações e delicadas concessões para o futuro próximo. A ver.

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