sábado, 17 de abril de 2010

"Tucanos e petistas: no Ceará, a parceria já existe."


ALGUMA dúvida? Salvo as aparências – aliás, nada convincentes – o PT já é um aliado do “companheiro” Tasso Jereissati e seu partido no concerto de forças que apóiam o governo do estado. O perfil da coalizão é clássico.

PT E PSDB participam do mesmo modo da base de apoio ao governo: ocupam cargos de confiança e garantem a ele confortável maioria parlamentar para aprovação de suas iniciativas. Que nome tem isso? Chamem como quiser.

SE A TUDO que os petistas dão voto, os tucanos também apoiam e, por sua vez, nada do que os tucanos defendem encontra resistência na bancada petista, salvem-me da ignorância: onde está, afinal, a diferença?

AS TENSÕES existentes – “bode fedido” é apenas uma metáfora para “rival no oportunismo” – decorrem apenas de uma disputa por hegemonia: ambos lutam para atrair o governo para estratégias eleitorais que os beneficiem.

LOGO, SE fizer valer o que deliberou em encontro recente a executiva do partido para as eleições deste ano, o PT não ratificará um veto à aliança com os tucanos: terá rompido, isto sim, uma composição, de fato, já estabelecida.

SE SUBIRÁ ou não no mesmo palanque com Tasso não é o mais importante, como Luizianne Lins finge acreditar. Isso aí faz parte do show, irrelevante como um adereço nesse baile de máscaras. Ela sabe: isso é quase nada.

SE O PSDB der apoio, mesmo informal, a reeleição de Cid Gomes e ocupar espaços no poder em 2011, nada terá mudado: petistas vestirão o já roto manto de moças virgens e os tucanos farão o que sabem – mandar.

COM O quadro nacional – PSDB e PT sustentam as candidaturas presidenciais mais fortes – as tensões tendem a se agravar. Veremos até onde irá o apetite dos petistas para se fingir de morto nesse jogo de aparências.


LUIZIANNE: dormindo com o inimigo. Até quando?

Já não se faz um marxista como antigamente

NÃO FOSSE, agora, pela expectativa de esperar três anos e quatro meses para ocupar o governo nos seus oito meses finais, seria atípica, para dizer o mínimo, a pretensão de Francisco Pinheiro de se recandidatar ao cargo de vice-governador.

VICE NÃO tem, por definição, o que fazer, a não ser nas raras ocasiões em que o titular se ausenta e, ainda assim, por poucos dias. Logo, não justifica o desejo de tão prolongada dedicação: serão sete anos sem metas a cumprir.

SERIA ATÉ compreensível o apego se Pinheiro já tivesse cumprido extensa carreira política ou fosse um homem de mais idade. Ao contrário. Antes, foi somente vereador e não deve ter alcançado a curva dos sessenta anos.

PASSA, COM isso, a impressão de alguém acomodado – surpreendente, até, para quem professa o marxismo, uma doutrina cujas tarefas não se cumpre de pijamas. Afinal, o trabalho lhe aborrece, fadiga, estiola? É o que parece.

A QUE SE dedica Francisco Pinheiro durante o expediente: um acervo numismático, uma coleção de borboletas caucasianas? À arte paciente de dobrar origamis? O que faz, enfim, um profissional das horas vagas?


Cala-te, se souberes.

CABERIA a um heráldico tucano fazer a Fernando Henrique, por razões de sobrevivência eleitoral, a pergunta que fez o rei Juan Carlos, de Espanha, ao loquaz presidente venezuelano, Hugo Chávez: “Afinal, por que não te calas?”

FHC ACUSOU o governo Lula de praticar “autoritarismo popular”. Essa, não. É possível apontar muitas contradições no atual presidente. Mais não há o mínimo bom senso em apontá-lo como transgressor da ordem constitucional.

EM TEMPOS recentes, FHC tem adotado posições corajosas em defesa da legalização do comércio mundial de drogas. Tudo bem, se pensa assim, mas isto não lhe dá o direito de sair por aí dizendo coisas de quem fumou demais.

SOBRE ISSO, escreveu o mexicano Carlos Fuentes – A cadeira da águia – ao comentar o ciúme de cargos públicos: “é preciso mais imaginação para ser ex-presidente do que para ser presidente”. Mas também não precisa exagerar.

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