terça-feira, 25 de outubro de 2011

"A PROMETIDA CORDEL CÔMICO"



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Quando eu era pequeno
Deram-me a uma garota
Diziam que tinha sorriso ameno
Juraram-me ser linda brota.

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Fiquei bem desconfiado
Com esta nobre atitude
Achando-me enganado
Com a falta de virtude.

***
Fui ver minha prometida
Achando ser linda donzela
Encontrei um tribufu metido
Rosnando como uma cadela.

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Quando cheguei perto dela
Soei frio, fiquei gelado.
Da porta puxei a tramela
Sai corrente apressado.

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O pai dela me chamou
E disse todo contente
Minha filha é um amor
Que lhe dou de presente.

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A mulher era tão feia
Que chegava a dar dó
Tinha a pele cor de areia
Nasceu para ficar só.

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Tinha uma cara alargada
E orelhas desconformes
Estava sempre assanhada
Parecia uma coruja enorme.

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Era uma assombração
Com cara de espantalho
Não era Maria nem João
O que vi naquele borralho.

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Quando ela abria a boca
Era grande a agitação
Tinha a voz alta e rouca
Comparada a um trovão.

**********
Era um presente de grego
Que queriam dar ao prego
Mas passei nas canelas sebo
Sai correndo, não nego.

 Esta brincadeira faz parte de minhas poesias cômicas, tinha um amigo filho de fazendeiro que estudava em fortaleza no mesmo colégio que eu, certa vez ele me convidou para passar um final de semana na casa dele, quando chegamos a fazendo fui apresentado aos pais e a irmã, na apresentação começaram logo jogar a coroa pra cima de mim, ela não era tão feia como pinto no poema,  mais já tinha lá seus trinta anos e na época eu ainda ia completar 19 anos. Pulei fora nem pensei nas centenas de cabeças de boi que ela tinha.

POETA:
JOAQUIM DA ROCHA
Publicado no Recanto das Letras em 22/11/2009
Código do texto: T1937368

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