domingo, 3 de janeiro de 2010

Viagem de Romeiro

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Começa três dias antes
Fazendo os preparativos
E numa alegria constante
Tudo se torna atrativo.

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Mata a galinha primeiro
Para fazê-la assada
E com bastante tempero
A penosa é preparada.

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Arruma tanta bagagem
Que parece uma mudança
E na hora da viagem
Falta-lhe algo na lembrança.

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É tanta a ansiedade
Que o sono desaparece
Devido à necessidade
De alcançar uma prece.

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Chega o dia da saída
Acorda cedo demais
São tantas as despedidas
Parecem não acabar mais.

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O transporte é caminhão
Popular Pau de Arara
O dono sem compaixão
Torna a viagem mais cara.

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Os bancos são de madeira
Amarrados à carroceria
Duro de dar quebradeira
Por toda a ossaria.

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Quando chega ao destino
Procura uma hospedaria
Onde o ladrão cretino
Rouba suas ninharias.

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Achando-se sem dinheiro
Resta ao romeiro rezar
E por ser um aventureiro
Promete ao Santo voltar.

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De volta da aventura
Vai a historia contar
E por falta de cultura
Começa a fantasiar.

Viagem de Romeiro faz parte da saga de todos os nordestinos, quem não vai ver o Padim ciço, no Juazeiro do Norte, vai ver São Francisco no Canindé, Santo Antonio em Chaval, Nossa Senhora dos Navegantes em Barroquinha, e, podem ter certeza meus caros leitores, a viagem é um verdadeiro martírio, terminando com dois ou mais dias comendo e dormindo de forma improvisada, o que não desanima os assíduos e adeptos freqüentadores destas romarias. A cada dia o número de freqüentadores tanto na cidade de Juazeiro do Norte como em Canindé vem aumentando, para este tipo de turista acidental, nem tem crise nem tempo ruim, quanto maior o sacrifício para chegar até o Santo para seu pedido ou agradecer, maior o milagre, é assim que todos pensam, e, são felizes pensando assim, como católico me incluo entre eles apesar de não ser freqüentador de romaria.

Poeta: Joaquim da Rocha.
Chaval – Ceará.

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