O último dia de expediente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Planalto começou antes das 9h e, apesar do horário oficial de trabalho ter terminado às 14h, ele só deixou o Palácio às 16h, depois de tirar centenas de fotos com funcionários, ministro e admiradores.
Na solenidade de despedida com servidores de todo o governo, a menos de 24 horas de deixar o cargo, Lula brincou ao dizer que amanhã, às quatro da tarde, quando for passar a faixa para a presidente Dilma Rousseff, "se ela vacilar eu saio correndo e quero ver ela correr atrás de mim na Esplanada, atrás daquela faixa".
Lula emendou acrescentando que para poder fugir com a faixa tem treinado. "Por isso é que eu me preparei fisicamente, ela disse que parou de andar, então ela vai estar menos preparada do que eu, fisicamente", comentou. Depois avisou que ainda hoje, por volta das 18h, vai "dar uma passadinha na Granja do Torto para visitar a companheira Dilma".
Lula faz seu discurso de despedida:
O presidente Lula, que estava muito bem-humorado, e vestia um dos casacos que ganhou do presidente da Bolívia, Evo Morales, aproveitou seu último discurso aos ministros para ironizar usando um bordão que marcou suas falas.
"Vocês vão perceber que nunca antes na história do país...", disse, acrescentando que gostava de usar a expressão principalmente para irritar seus críticos. "Eu gosto de falar 'nunca antes' porque eu sei que tem adversários e gente que não gosta, que sofre quando eu falo. Como eles pensam que eu sofro quando eles falam mal de mim, então eu retribuo dizendo que nunca antes na história do país houve, dentre deste Palácio, nesta sala, a quantidade de movimentos sociais participando, falando, propondo e decidindo políticas que o governo brasileiro tinha que executar", prosseguiu Lula sob aplausos e risos da plateia.
Lula reiterou que, em seu governo, "o Brasil mudou na relação com a sociedade" e que "nunca os humildes foram tratados com tanta deferência como foram tratados", assegurando que, "certamente, continuarão a ser pela nossa companheira Dilma".
Neste seu último discurso, Lula citou ainda o jornal "O Estado de S. Paulo", ao lembrar o resultado obtido nas eleições de 82, quando o jornal disse que ele ia ter apenas 10% de votos e ele acreditava que ia ganhar o pleito. "Veja, eu tinha vontade de governar o Brasil. Em 82, eu participei de um debate, eu era candidato a governador em São Paulo, e eu fiquei em quarto lugar não é isso, Padilha? Quarto lugar. Eu pensei que eu ia ganhar, eu não acreditava em pesquisas. Nós fizemos o maior comício que alguém já fez no Pacaembu. Eu saí de lá convencido de que a eleição estava no papo. Aí, saiu uma pesquisa do Ibope, publicada pelo jornal Estadão, em que eu ia ter 10%. Eu falei: Está mentido. Nós vamos ganhar. Depois da apuração, eu tive exatamente 10%.
Lula prosseguiu dizendo que este era "um momento histórico deste país", já que "a história deste país mudou, a autoestima do povo mudou, a vida do povo mudou, mas reconheceu que "ainda tem muito para fazer".
E completou: "porque a gente não consegue mudar em oito anos os desmandos de 500 anos, a gente não consegue, vai precisar mais alguns anos para que a gente possa consolidar".
Últimos atos:
Depois de assinar ato que negou a extradição do italiano Cesare Battisti, na manhã desta sexta-feira, os últimos atos assinado pelo presidente Lula no governo foram a demissão de todos os seus ministros e dos secretários-executivos.
A demissão dos ministros será publicada em edição extra no Diário Oficial deste sábado, quando Lula se despedirá da Presidência da República.
Neste sábado, a já presidente empossada assina a nomeação de todos os ministros e dos secretários executivos já confirmados nos seus cargos. Esta também será uma edição extra e especial do D.O que circula com a faixa presidencial estampada na primeira página.
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