segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"ATAQUE CONTRA FLOTILHA - Investigação inocenta Israel

Nove ativistas turcos morreram no ataque de Israel contra o navio que tentava romper o bloqueio marítimo imposto contra a Faixa de Gaza para levar ajuda humanitária
FOTO: URIEL SINAI/REUTERS

Comissão concluiu que Israel agiu de acordo com a lei ao atacar a frota humanitária que tentava chegar à Faixa de Gaza

Jerusalém. O bloqueio marítimo à Faixa de Gaza e o violento ataque executado no ano passado por Israel para impedir que uma frota com ajuda humanitária rompesse a barreira estavam de acordo com o direito internacional, segundo relatório da comissão de investigação israelense publicado ontem. O documento provocou a indignação da Turquia e do movimento islamita Hamas, que governa Gaza.

O informe preliminar da comissão, composta por seis membros, entre eles dois observadores internacionais, responsáveis por examinar os aspectos jurídicos do ataque da Marinha israelense no qual morreram nove ativistas turcos, inocentou o Estado hebreu por unanimidade.

"A imposição de um bloqueio marítimo à Faixa de Gaza, levando em consideração as razões de segurança e os esforços de Israel para cumprir com suas obrigações humanitárias, era legal e de acordo com o direito internacional", destaca o relatório da comissão dirigida pelo juiz Yaacov Tirkel.

De acordo com o documento, o uso da força durante a violenta inspeção do navio turco Mavi Marmara, barco almirante da frota humanitária internacional, "foi legal e conforme ao direito internacional".

No entanto, em seis dos 133 casos de uso da força pelos oficiais israelenses, a comissão de Tirkel se absteve de apresentar conclusões, considerando que "não dispõe de informações suficientes". Ao mesmo tempo, a comissão expressou tristeza pelas "lamentáveis consequências em perdas de vidas humanas".

Reações
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, saudou as conclusões da comissão que, segundo avaliou, provam que o uso da força por Israel se justificava "enquanto ato de autodefesa".

Ao contrário de Netanyahu, o Hamas condenou severamente o relatório. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e organizações israelenses de defesa dos direitos humanos também criticaram as conclusões da comissão de investigação.

"Este relatório confirma a ausência de justiça na entidade sionista (Israel). É uma tentativa desesperada de legitimar os crimes da ocupação e de melhorar a imagem de Israel", declarou Fawzi Barhum, porta-voz do Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

"Como pode ser que um relatório preparado e ordenado no mesmo país (Israel) possa ter algum valor? Este informe não tem nenhum crédito" questionou Erdogan.

A comissão de investigação organizada pela Turquia em resposta à criação da israelense também criticou o relatório, declarando-se "estupefata e consternada" por suas conclusões que isentam Israel.

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